Solid Rock: Deep Purple, Cheap Trick & Tesla

Texto: Daniel Dutra | Fotos: Luciana Pires

Meses de ansiedade antecipada e alguns percalços no meio do caminho. O Solid Rock, que reuniu Tesla, Cheap Trick e Deep Purple em três cidades brasileiras – Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro – depois de passar por Santiago (Chile) e Buenos Aires (Argentina), foi além da música. Mas vamos por partes, a começar pela primeira atração da noite: o Tesla, que fez a sua estreia no Brasil depois de mais de 30 anos. E o que dizer de um show marcado para começar às 19h30 na Barra da Tijuca – mais ou menos, mas essa é outra história – numa sexta-feira? A casa estava vazia, obviamente.

Jeff Keith (vocal), Frank Hannon e Dave Rude (guitarras), Brian Wheat (baixo) e Troy Luccketta (bateria) subiram ao palco para um set de 50 minutos diante de algumas centenas de pessoas – em sua maioria, fãs de verdade. Claro, para chegar à Jeunesse Arena, localizada ao lado do Parque Olímpico, a tempo era preciso sair de casa antes de o trânsito na região se transformar no inferno na Terra. O que acontece de segunda a sexta, sem falhas. Custava o evento ter início às 20h30? Afinal, que diferença faria o Deep Purple começar sua apresentação à meia-noite, em vez de 23h? Sem conhecer a logística, no entanto, não adianta cornetar.

O fato é que o quinteto matou a pau! Oriundo da cena americana do hard rock nos anos 80, o Tesla não era daquelas bandas que faziam uso de uma imagem espalhafatosa para chamar a atenção. Não, o visual era sóbrio, e o artifício principal sempre foi a música. E os fãs cariocas que esperaram tanto tempo para ver o grupo – fato ressaltado por Keith, um baita frontman – voltaram extasiados para casa. E a primeira metade do show foi um nocaute até mesmo em quem já havia assistido ao Tesla ao vivo – como este que vos escreve –, porque da abertura com Edison’s Medicine até Heaven’s Trail (No Way Out) a pegada foi absurda. E sem poupar detalhes.

Teve Hannon usando teremim antes do solo em Edison’s Medicine, canção que, diga-se, funcionou como um trator e arrombou o caminho para as três primeiras das quatro músicas extraídas do excelente The Great Radio Controversy (1989): a semibalada The Way it is e as bem-vindas adições de Hang Tough (espetacular!) e Heaven’s Trail (No Way Out) – explica-se: elas não foram tocadas em Santiago, Buenos Aires e Curitiba, que receberam Into the Now. Sim, paulistas e cariocas se deram melhor. E se vale o trocadilho com a letra da última, o Tesla precisou de meio repertório para chutar bundas.

E num set de menos de uma hora, é claro que faltou muita coisa. E já era esperado que a banda privilegiasse alguns hits, como Signs, cover do Five Man Electrical Band e grande sucesso de Five Man Acoustical Jam (1990), o disco que deu início à onda dos acústicos nos Estados Unidos – é isso mesmo, meu amigo. Foi o Tesla que acendeu a luz na cabeça dos executivos da MTV. Um pouco mais de calmaria com Love Song e depois mais um cover para chamar de seu, Little Suzi – canção do PhD. –, até o encerramento com o arrasa-quarteirão Modern Day Cowboy (que riffs!). Um show curto, porém irretocável. Uma banda de ótimos músicos que sempre se preocuparam com uma coisa: música. E que volte muito em breve para um show só seu.

Às 21h em ponto – palmas para a produção pela pontualidade britânica, diga-se – a segunda incógnita fez soar os seus primeiros acordes com Hello There. Também pela primeira vez no Brasil, o Cheap Trick ainda tinha a missão de substituir o Lynyrd Skynyrd, cuja ausência – motivada pelo problema de saúde da filha de Johnny Van Zant – fez com que muitos devolvessem seus ingressos. E voltamos à cornetagem sem saber de detalhes dos bastidores, porque era bem razoável a lista de nomes discutidos como se o assunto fosse ser resolvido numa mesa de bar.

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De Grand Funk Railroad – que não tem mais Mark Farner, mas tem Bruce Kulick (ex-KISS) e um sem-número de hits – a Europe – que faria a ponte perfeita entre o Tesla, por seu apelo hard rock, e o Deep Purple, por causa de sua sonoridade atual – foram vários os exercícios de imaginação. E, bem, o Europe estava abrindo para o Purple na Europa, então… A verdade é que o Cheap Trick fez uma bela apresentação de rock’n’roll para um público que pouco ou realmente nada conhecia do trabalho dos veteranos Robin Zander (vocal e guitarra), Rick Nielsen (guitarra), Tom Petersson (baixo) e Daxx Nielsen (bateria, único integrante que não é da formação original).

Dava contar nos dedos quem conhecia, por exemplo, Big Eyes, umas das primeiras do set, mas o respeito era plausível. E Zander, com a garganta em plena forma, e o figuraça Nielsen nem precisariam ser tão espalhafatosos, visualmente falando, para receberam aplausos. O talento falou mais alto mesmo quando rolou uma esfriada no meio da apresentação, curiosamente marcada pela ótima Long Time Coming, do novíssimo We’re All Alright! (2017) – o grupo ainda arriscou uma boa versão de Run Rudolph Run, canção originalmente gravada por Chuck Berry e que está em Christmas Christmas, também lançado este ano.

Não chegou a levantar o público, o que acontecera antes com Magical Mistery Tour, porque não tem como errar ao tocar algo dos Beatles. E foi mais ou menos a partir do cover dos Fab Four que a engrenagem funcionou melhor numa arena que já recebia um bom número de pessoas. Se a radiofônica The Flame valeu pela voz de Zander, Dream Police ganhou muito ao vivo, soando mais pesada e rock, ao contrário da sua pasteurizada versão de estúdio. O que quase aconteceu com I Want You to Want Me, hit que pode ser tocado de qualquer jeito que sempre será ótimo – felizmente, a faixa etária dos presentes não permitiu nenhum comentário do tipo “Olha só, é aquela música do filme ‘10 Coisas Que Eu Odeio Em Você’”, assim como a ausência de She’s Tight impediu que ela se transformasse num cover do Steel Panther.

E o desfecho, apesar de uma recepção abaixo do esperado, fez valer definitivamente a inclusão do Cheap Trick na lista de shows vistos. Como resistir a Surrender, principalmente quando Nielson joga para a plateia, estrategicamente durante o trecho “got my KISS records out” da letra, duas capas de discos do próprio Cheap Trick, autografadas e cheias de palhetas? Mas nem precisava disso, porque se trata mesmo de uma composição de rara felicidade, o suficiente para fazer de Auf Wiedersehen uma despedida de muito bom gosto.

Faltavam dois minutos para as 23h – viu como seria muito mais legal se o show estivesse marcado para meia-noite? – quando Mars, the Bringer of War, composição de Gustav Holst, anunciou que chegara a vez de Ian Gillan (vocal), Steve Morse (guitarra), Roger Glover (bateria), Don Airey (teclados) e Ian Paice (bateria) deixarem no Rio um pedaço da sua turnê The Long Goodbye. E dizer que estes cinco senhores deram uma aula, escorados por providenciais mudanças no repertório, seria chover no molhado. O fato é que do início ao fim o sentimento era um só: esses caras estão na reta final, e refiro-me às bandas clássicas, não apenas ao Deep Purple. O rock como conhecemos não será mais o mesmo. Simples assim.

Com a casa cheia – dez mil ingressos vendidos antecipadamente, segundo a produção, num cálculo que inclui site de promoções e esquema “leve dois e pague um” –, as primeiras notas de Highway Star soaram como o início de uma grande festa. O clássico, que voltou ao set list na turnê sul-americana, foi responsável pelo primeira união das vozes na arena. Eram milhares cantando com Gillan, fosse a letra ou a melodia inicial do solo que, de tão genial em sua concepção original, não é alterado pelo (igualmente genial) Morse.

Sem sair de cima, sem sequer um segundo de intervalo, a banda emendou uma sequência de tirar o fôlego. Pictures of Home e Bloodsucker podem não ter causado o frisson de Highway Star e de Strange Kind of Woman, que veio em seguida e colocou muita gente para pular, mas garantiram o placar com pouco tempo de bola rolando. E apesar de Uncommon Man ser de um álbum mais recente – NOW What?! (2013) –, a homenagem a Jon Lord, falecido em 2012, foi suficiente para as atenções continuarem voltadas ao palco.

Não foi coincidência que a canção seguinte tenha sido antecedida de um solo de teclado, como não é coincidência o cartaz que Airey tem na banda, cartaz que só cresceu ao longo dos últimos 17 anos. O veterano músico, que por muito tempo foi apenas um contratado, é um mestre no Hammond, fazendo justiça ao legado de Lord como nenhum outro poderia fazer. Aos descrentes, Lazy foi a resposta.

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Como o Purple não tocava no Rio desde 2008, as mudanças no set acabaram sendo ainda mais significativas. Em vez de muito material novo, como vem acontecendo na Europa, o grupo decidiu olhar mais para o passado e apostou em apenas uma música de inFinite (2017), Birds of Prey. No entanto, algo mais animado, como Johnny’s Band, All I Got is You ou Time for Bedlam, tivesse sido mais apropriado. Nada que tenha baixado o astral, uma vez que Knocking at Your Back Door colocou a casa em ordem logo em seguida, mesmo numa versão pé no freio e com afinação bem mais baixa.

Ninguém espera mais que Gillan atinja aquelas notas estratosféricas, mas o vocalista que um dia foi chamado de Silver Voice continua sendo, aos 72 anos, o cara cuja presença é hipnotizante. Mesmo que as saídas do palco durante as longas sessões instrumentais, uma bênção desde sempre no Purple, sejam cada vez mais frequentes. Vale dizer, aliás, que foi uma surpresa o vigor de todos na banda. Não que se esperasse algo diferente de Glover e do genial Morse, mas arrisco dizer que a performance de Paice foi muito mais do que a maioria esperava. Claro, o soberbo trabalho de caixa continua lá, e ninguém é melhor do que ele nesse quesito, mas as viradas criativas e precisas foram feitas com uma velocidade surpreendente – lembre-se: o batera de 69 anos sofreu um leve derrame há um ano e meio.

E tem Airey. Em seu longo solo, o tecladista arrancou efusivos aplausos ao tocar no piano (bem, um teclado com som de piano) trechos de algumas joias do cancioneiro brasileiro, digamos assim. Mas não foi apenas por causa de Corcovado, Garota de Ipanema, Chega de Saudade, Brasileirinho e Aquarela do Brasil que se deu a ovação. Foi pelo talento, mesmo. Tudo muito bem casado até o tecladista puxar Perfect Strangers e colocar a casa abaixo. Também não foi apenas pelo clima criado com a faixa-título do disco da volta, em 1984, que a agradável surpresa Space Truckin’ fez todo mundo berrar “Come on! Let’s go space truckin’”. E foi lindo.

Para terminar de derrubar as estruturas, Smoke on the Water, aquela música cujo riff deve ser o mais tocado da história. Com a participação de Rick Nielsen, do Cheap Trick, até mesmo na primeira parte do solo, o eterno clássico encerrou o set regular, porque o Deep Purple pode não guardá-la para o bis. Sabe por quê? Porque no curtíssimo intervalo o coro de Black Night começou a ecoar na arena. Mas os cinco voltaram com uma matadora versão de Hush, tendo direito a uma introdução com Peter Gunn, famoso tema composto por Henry Mancini para o seriado de mesmo nome, e um duelo de arrepiar entre Morse e Airey.

Aí sim, depois de um solo de Glover, baixista subestimado por muitos, Black Night. E a catarse estava completa. Não, o Deep Purple não é mais a mesma banda dos anos 70 e 80. E não, nunca mais haverá uma banda como o Deep Purple – assim como muitas que estão entre quatro e cinco décadas de história. Porque é essa música que vai ficar para sempre, e é por isso que cinco senhores na casa dos 60 e 70 anos mostram em uma hora e 40 minutos como se faz. Afortunados os que puderam testemunhar.

Clique aqui para acessar a resenha no site da Roadie Crew.

Set list Deep Purple
1. Highway Star
2. Pictures of Home
3. Bloodsucker
4. Strange Kind of Woman
5. Uncommon Man
6. Lazy
7. Birds of Prey
8. Knocking at Your Back Door
9. Solo Don Airey
10. Perfect Strangers
11. Space Truckin’
12. Smoke on the Water
Bis
13. Hush
14. Black Night

Set list Cheap Trick
1. Hello There
2. ELO Kiddies
3. Big Eyes
4. California Man
5. Lookout
6. On Top of the World
7. The House is Rockin’ (With Domestic Problems)
8. Voices
9. Long Time Coming
10. Speak Now or Forever Hold Your Peace
11. That 70’s Show
12. Magical Mystery Tour
13. I Know What I Want
14. The Flame
15. I Want You to Want Me
16. Dream Police
17. Run Rudolph Run
18. Surrender
19. Auf Wiedersehen

Set list Tesla
1. Edison’s Medicine
2. The Way it is
3. Hang Tough
4. Heaven’s Trail (No Way Out)
5. Signs
6. Love Song
7. Little Suzi
8. Modern Day Cowboy

Steve Rothery

Texto: Daniel Dutra | Fotos: Daniel Croce

Depois de bater ponto no Brasil em três oportunidades com o Marillion nesta mesma década – em 2012, 2014 e 2016 –, Steve Rothery resolveu se aventurar por aqui com a sua própria banda, formada por Dave Foster (guitarra), Yatim Halimi (baixo), Riccardo Romano (teclados) e Leon Parr (bateria). E se a presença de público foi decepcionante nos dois shows da turnê Ghost & Garden Parties, tanto em São Paulo como no Rio de Janeiro, vale o clichê: azar de quem perdeu. Mais do que a oportunidade de assistir novamente a um guitarrista de raro talento, e isso nunca é demais, era a chance de os fãs do Marillion ouvirem músicas da era Fish que a banda normalmente não toca. Já bateu o arrependimento por ter perdido? Então…

A noite começou com algumas amostras do mais recente trabalho da Steve Rothery Band, The Ghosts of Pripyat (2014), e coube a belíssima Morpheus abrir os serviços com altas doses de rock progressivo e um desfecho crescente levado por um duelo entre Rothery e Foster. O bom humor do guitarrista, aliás, se mostrou presente em seguida, ao dizer que Grendel não estava entre os antigos clássicos do Marillion – e os pedidos dos fãs que encheram pela metade o Teatro Rival viraram fanfarronice. Um pouco mais rápida, Kendris serviu de cama para novos momentos de introspecção com Old Man of the Sea e Summer’s End.

“Foi a vingança das guitarras, já que na minha banda principal há dois tecladistas”, brincou Rothery depois de Old Man of the Sea, sua preferida, referindo-se a Mark Kelly e Steve Hogarth no Marillion – e vale o adendo: a versão de estúdio de Old Man of the Sea tem a participação do ex-Genesis Steve Hackett. E se a maioria dos presentes não conhecia o material solo do guitarrista, os aplausos ao fim de cada canção foram unânimes. E se todos os presentes estavam ali por causa do Marillion, a recompensa foi com louvor.

Depois de um breve intervalo, o quinteto voltou para o palco na companhia do vocalista Gabriel Agudo (ex-Bad Dreams), e chega a ser difícil descrever o que aconteceu a seguir. Slàinte Mhath deu início a uma festa que deixou os fãs em estado de êxtase durante (quase) todo o restante do show. Dava para sentir a emoção no ar, principalmente na quadra que veio a seguir. Nas vozes que fizeram coro no refrão de Cinderella Search, que cantaram o início de Fugazi e que se calaram em reverência durante o solo de Incubus, apesar do queixo caído.

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A classe, a elegância e o bom gosto de Rothery podem ser resumidos naquele pouco mais de um minuto. Um solo de arrepiar a alma, sem uma nota jogada fora, sem exibicionismo, apenas as notas certas nos momentos certos – e que timbre maravilhoso de guitarra! Como se isso não bastasse, Rothery repetiu a dose em Chelsea Monday antes de uma quebra para Afraid of Sunlight. Quebra? Permita-me explicar: Afraid of Sunlight é, de fato, uma das músicas mais bonitas do Marillion, mas ratificou o que já se desconfiava: era uma noite para as viúvas do Fish, independentemente da estúpida ideia de que o grupo inglês acabou em 1988.

Não era mesmo questão de ignorância musical, mas de oportunidade. Não à toa o ótimo Gabriel Agudo se saiu muito melhor no material do Fish, dando a ele uma personificação que não conseguiu na única canção da era Hogarth. A presença de palco não era teatral como a do grandalhão escocês, e nem deveria, mas o vocalista fez bonito ao interpretar Derek William Dick, o que ficou definitivamente comprovado em White Russian, que fechou o set regular.

Pouco importa se foi possível resistir à tentação das redes sociais, porque a mistura de obviedade com surpresa do bis emocionou de qualquer maneira. Sim, todo mundo cantou Kayleigh e Lavender, até porque Agudo facilitou dando a deixa ao apontar o microfone para a plateia, mas o sorriso no rosto de Rothery – que não consegue fugir dessa dupla com o Marillion – era de uma felicidade absolutamente genuína. Com razão, afinal, o pequeno público era barulhento o suficiente para brilhar no ‘wide boy’ da letra de Heart of Lothian.

A apresentação poderia ter acabado ali, mas Rothery e banda proporcionaram uma saideira e tanto. Sugar Mice, o casamento perfeito entre letra e música (e uma das músicas mais bonitas que você pode ter o prazer de escutar), foi de arrancar lágrimas, mais uma vez. E Wish You Were Here, de você-sabe-quem, foi a prova de uma das fontes de inspiração de Steve Rothery, simplesmente um dos melhores guitarristas de todos os tempos. Assim como David Gilmour.

Clique aqui para acessar a resenha no site da Roadie Crew.

Set list
1. Morpheus
2. Kendris
3. Old Man of the Sea
4. Summer’s End
5. Slàinte Mhath
6. Cinderella Search
7. Fugazi
8. Incubus
9. Chelsea Monday
10. Afraid of Sunlight
11. White Russian
Bis
12. Kayleigh
13. Lavender
14. Heart of Lothian
15. Sugar Mice
16. Wish You Were Here