Black Label Society – Hangover Music Vol. VI

Spitfire | Importado | 2004

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Black Label Society – Hangover Music Vol. VI

Por Daniel Dutra | Fotos: Divulgação

“… Um álbum que definitivamente acabará com todos os preconceitos a respeito de Zakk Wylde e o Black Label Society… Uma coleção de músicas provocantes, contagiantes e conscientemente fascinantes”. Bom, é isso aí que está escrito no adesivo colado na capa do novo álbum do Black Label Society, Hangover Music Vol. VI – como o próprio nome entrega, o sexto trabalho do grupo. No entanto, parece que Wylde não liga mesmo para a reação das pessoas ao seu trabalho. Já foi dito aqui que o sujeito é o melhor guitarrista do heavy metal na atualidade, fala o que pensa – patriota extremista, diz muita besteira quando o assunto é os Estados Unidos – e é responsável por trabalhos pesadíssimos em sua banda.

Como ele poderia fazer sua música chegar a outro público? A capa do CD tem dois crânios e, entre eles, uma vela queimando dentro de um copo. Fica difícil, não? Mas quando você coloca o disco no aparelho do som percebe que as 15 músicas não são para deixar o ouvinte com dor de cabeça, mas realmente para aliviar aqueles que estão de ressaca. Wylde trocou os riffs espetaculares e cheios de harmônicos pelo violão e o piano, na linha de seu primeiro e único álbum solo, o excelente Book of Shadows (1996).

Uma iniciativa que poderia ser arriscada, uma vez que Wylde lançou em 2003 o melhor disco do Black Label Society, The Blessed Hellride, e manteve a média com o DVD Boozed, Broozed & Broken-Boned. No entanto, ele não deixou a peteca cair e gravou mais um trabalho de primeira linha. Hangover Music Vol. VI possui mais guitarras do que Book of Shadows, diga-se, mas ainda assim é um álbum para ouvir em momentos de relaxamento, com o quarto no escuro e em silêncio.


Há momentos mais sombrios – Steppin’ Stone (imagine o Black Sabbath semiacústico) –, mais rock – as excelentes House of Doom e Layne – e até mesmo um curto solo de violão – Takillya (Estyabon) –, mas o restante é um apanhado formidável de baladas deliciosas. Crazy or High e Queen of Sorrow têm refrãos mais fortes e uma interpretação mais energética de Wylde, que faz o piano sobressair na belíssima Yesterday, Today, Tomorrow. O mesmo vale para Whiter Shade of Pale, cover do Procol Harum que ficou uma beleza somente a piano e voz. Tecnicamente, o guitarrista não é uma grande vocalista, mas é bom ressaltar que sua voz é boa e ganha muito com o sentimento que ele coloca nas músicas.

E já que a guitarra não foi inteiramente deixada de lado, Wylde manda ver em alguns solos de tirar o fôlego, como em She Deserves a Free Ride (Val’s Song), uma das calmas e com vocal bem suave. No Other e nas já citadas Steppin’ Stone e House of Doom. Fear fecha o disco com um bom trabalho solo ao violão, simples e muito eficiente, mas ainda há o que se destacar em Hangover Music Vol. VI. O formato acústico predomina nas ótimas Once More e Won’t Find it Here, e o duo piano/violão é o dono do jogo nas belíssimas Damage is Done e Woman Don’t Cry.

Ao contrário do que costuma fazer em estúdio, Wylde não se cercou apenas do baterista Craig Nunenmacher e fez o resto sozinho. Claro, ele é responsável por todos os vocais, teclados, guitarras e violões, mas não assumiu o baixo em todas as músicas. As quatro cordas também foram manuseadas por Mike Inez (Alice in Chains, ex-Ozzy Osbournes), John “JD” DeServio (ex-integrante do próprio Black Label Society) e James Lomenzo, que tocou com Wylde no Pride & Glory e foi confirmado recentemente como o novo baixista do grupo. Além disso, John Tempesta (ex-White Zombie e Testament) assumiu as baquetas em uma faixa.


O Black Label Society se prepara agora para tocar no palco principal do Ozzfest – junto a Superjoint Ritual, Dimmu Borgir, Slayer, Judas Priest e Black Sabbath – e, além de Lomenzo e Nunenmacher, contará também com o guitarrista Nick Catanese, fiel escudeiro de Wylde.

Resenha publicada na edição 103 do International Magazine, em junho de 2004.