Black Label Society – The Blessed Hellride

Sum Records | Nacional | 2003

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Black Label Society – The Blessed Hellride

Por Daniel Dutra | Fotos: Divulgação

Uma nova banda de heavy metal surge a cada dia que passa, fazendo com que o nível de qualidade oscile bastante. No entanto, apesar de muitos grupos ainda lançarem um disco igual ao outro – alguém aí falou “metal melódico”? – o estilo se renova e sempre apresenta coisa boa. Da renovação dentro do som mais extremo – revelando excelentes nomes como In Flames, Soilwork, Arch Enemy e Children of Bodom – aos grupos que chegam ao mainstream, caso do System of a Down, existem artistas consagrados que vêm se mantendo no topo com relativa tranquilidade.

Um deles é Zakk Wylde, guitarrista de Ozzy Osbourne e mentor do Black Label Society, que solta seu quarto disco de estúdio, The Blessed Hellride. Virou clichê dizer que Wylde é atualmente o melhor nas seis cordas dentro do rock pesado, mas é a mais pura verdade. O melhor de tudo é que o respeito e admiração foram conquistados ao longo de 15 anos de muito trabalho. De jovem revelação em 1988 até os dias atuais, foram 14 discos e várias participações em projetos – incluindo uma banda cover do Lynyrd Skynyrd e participações especiais em shows de outros grupos, como The Allman Brothers Band – e tributos – AC/DC, Alice Cooper e Led Zappelin, por exemplo.

Os primeiros passos como artista solo foram dados em 1994, com a formação do Pride & Glory (ao lado do baixista James Lomenzo e do baterista Brian Tichy). O trio durou pouco, mas o suficiente para lançar um ótimo disco homônimo, uma contagiante mistura de hard e southern rock. Dois anos depois, chegava às lojas o belíssimo e predominantemente acústico Book of Shadows, que mostrou uma face até então inédita do guitarrista (ambos os trabalhos estão hoje disponíveis em versões com CD bônus contendo músicas inéditas). Mas o lado mais calmo do trabalho de Wylde parou por aí, já que logo depois veio o Black Label Society e um metal de primeira linha, direto e objetivo.



Sonic Brew (1999), Stronger Than Death (2000), Alcohol Fueled Brewtality Live!! + 5 (2001) e 1919 Eternal (2002) foram os primeiros capítulos, todos indispensáveis à coleção de qualquer banger que se preze, mas uma única audição de The Blessed Hellride coloca o novo trabalho no topo do pódio. Mais agressivo que o anterior, apesar de não possuir a fúria dos dois primeiros, o disco é o melhor da banda. Claro, o peso está presente, e os riffs continuam alucinantes, com os harmônicos que viraram marca registrada de Wylde – diga-se de passagem, é interessante como ele utiliza o recurso ao vivo. Suas duas mãos são absolutamente “nervosas”. Stoned and Drunk, Doomsday Jesus, Funeral Bell e a sensacional Destruction Overdrive trazem todos os elementos que fazem do BLS uma das melhores bandas de heavy metal surgidas nos últimos anos.

Mais do que isso, a inclusão de outros elementos foi fundamental. We Live No More tem um lado mais hard rock; Blackened Waters é uma semibalada com um solo maravilhoso; Dead Meadow apresenta um ótimo trabalho de piano e slide; e The Blessed Hellride é uma volta à época do Pride & Glory (menos) e Book of Shadows (mais). Não bastasse tudo isso, há o fator Black Sabbath: Suffering Overdue é uma coletânea dos melhores momentos do pai do heavy metal, incluindo um quê de War Pigs; há uma influência de Ozzy Osbourne nos vocais de Wylde (mais uma vez muito bons) em Final Solution; e o próprio Madman divide as vozes com o pupilo em Stillborn, que, curiosamente, lembra Immigrant Song, do Led Zeppelin.

Ao lado do guitarrista, que produziu o disco, compôs todas as músicas e ainda fez as vezes de baixista, está somente o bom baterista Craig Nunenmacher (Crowbar). Ao vivo, a banda contará ainda com Nick Catanese nas seis cordas – parceiro de longa data de Wylde – e o baixista Mike Inez (ex-Ozzy e Alice in Chains), que substituirá Robert Trujillo, agora no Metallica. Faça um favor a você mesmo: compre The Blessed Hellride e espere pelo lançamento do DVD Boozed, Broozed & Broken-Boned (saindo lá fora no dia 12 de agosto).

Resenha publicada na edição 96 do International Magazine, em setembro de 2003.