Por Daniel Dutra | Fotos: Divulgação
Glenn Hughes não para. Desde a sua volta com Blues, de 1992, depois de superar o problema com as drogas, o baixista e vocalista vem desafiando o próprio talento e lançando uma sequência de grandes álbuns quase ano a ano. Isso sem contar com participações em várias outras frentes. Incansável, agora juntou-se ao também vocalista Joe Lynn Turner e formou o Hughes Turner Project, ou simplesmente HTP, despertando o interesse por se tratar de um trabalho envolvendo dois ex-Deep Purple.
E se você está perguntando se há razão de ser, respondo que sim. A banda é nos moldes do Purple de Burn, Stormbringer e Come Taste the Band. Dois atuais companheiros da carreira solo de Hughes, JJ Marsh (guitarra) e Vince Dicola (teclados), integram o grupo, enquanto o ótimo baterista Shane Gaalaas (ex-MSG e Yngwie Malmsteen, entre outros) completa a formação. Só isso já bastaria para valer a aquisição do excelente primeiro CD, HTP.
Curiosamente, a veia do trabalho é mais roqueira, sem muito das influências soul e funk de Hughes, fato possivelmente atribuído à presença de Turner. Independentemente de sua irregular carreira solo – da qual os destaques são os dois volumes de Undercover, álbuns de regravações de vários clássicos do rock – e de alguns momentos infelizes nas bandas que integrou (vide Rainbow, Malmsteen e o próprio Purple, tendo participado do pior disco desta, o horroroso Slaves & Masters), Turner sempre foi um vocalista acima da média. E aqui, como sempre em estúdio, está muito bem.
No entanto, Hughes é mesmo quem dá as cartas. É impressionante o que esse cara canta, e quem teve a oportunidade de assistir ao seu único show solo no Brasil (no Tom Brasil, São Paulo, em 1999) pode atestar. Bem assessorado por Turner, os duelos vocais ficaram de arrasar em Devil’s Road, Missed Your Name, Sister Midnight, Better Man, Run Run Run e On the Ledge. A destacar ainda as participações especiais dos guitarristas Paul Gilbert (ex-Mr. Big) na ótima You Can’t Stop Rock n’ Roll (não, não é a do Twisted Sister) e John Sykes (ex-Whitesnake) na bonita balada Heaven’s Missing an Angel. Indispensável.
Resenha publicada na edição 84 do International Magazine, em junho de 2002.