Metal Allegiance – Volume II – Power Drunk Majesty

Nuclear Blast/Shinigami | Nacional | 2018

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Metal Allegiance – Volume II – Power Drunk Majesty

Por Daniel Dutra | Fotos: Divulgação

Lembro-me de Mike Portnoy, em 2015, dando um teaser nas redes sociais do que seria o projeto mais extremo da sua carreira, com blast beats e por aí vai. Não demorou para a empreitada se revelar o supergrupo Metal Allegiance, idealizado pelo baixista Mark Menghi, que também havia recrutado David Ellefson (baixo, Megadeth) e Alex Skolnick (guitarra, Testament). Contando com vocalistas convidados, o quarteto levou a festa dos palcos para o estúdio, no mesmo ano, mas o disco de estreia, autointitulado, ficou devendo. É bem legal, sem dúvida, mas aquém da expectativa diante dos nomes envolvidos.

Introdução feita, a coisa mudou de figura com Volume II – Power Drunk Majesty. O roteiro é basicamente o mesmo: o quarteto continua compondo todas as músicas para que outros famosos emprestem a voz – e alguns até mesmo escrevem as letras –, e um ou outro ás da guitarra ainda dá o ar da graça em duelos com Skolnick. Porem, o fato é que o segundo álbum nasceu vários degraus acima. A principal diferença? Empolga do início ao fim. Não há uma música mais ou menos, e a primeira já entrega algo especial.


The Accuser começa com Skolnick fazendo o fã lembrar-se de Signs of Chaos, o solo que abre The Ritual (2002), quinto álbum do Testament. Depois, o pau come solto, o guitarrista divide solos com Andreas Kisser, e Trevor Strnad (The Black Dahlia Murder) ajuda a transformar tudo num thrash metal de primeira. O guitarrista do Sepultura ainda aparece na empolgante Mother of Sin, que tem algo de Slayer no riff da primeira parte cadenciada; um ótimo trecho instrumental cadenciado no meio, antes dos solos, e outro pronto para abrir roda na plateia; e, mais importante, uma interpretação matadora de Bobby Blitz (Overkill).

E por falar em guitarristas convidados, a banda foi mais econômica em Volume II – Power Drunk Majesty. Apenas três, em vez dos oito de Metal Allegiance, e Kisser é o único que deu bis. No entanto, as outras duas estrelas também são muito bem-vindas, a começar por um cara que muito lá atrás foi professor de Skolnick. Joe Satriani está em Power Drunk Majesty (Part II), cujo instrumental mais pesado contrasta não apenas com seu estilo, mas também com a voz angelical de Floor Jansen (Nightwish), que também solta a garganta com raiva e enriquece um dos melhores refrãos do álbum.


Em King With a Paper Crown, Skolnick e Nita Strauss (Alice Cooper) debulham em passagens instrumentais mais progressivas, mas a música é de uma riqueza de dar gosto: cheia de groove, tem umas paradinhas muito bem sacadas, principalmente quando Portnoy preenche alguns espaços com os bumbos. O microfone ficou a cargo de Johan Hegg (Amon Amorth), cuja voz soa ainda mais poderosa com os backings de Mark Osegueda, que, diga-se, é um dos dois cantores que reprisaram participação. Com uma performance de tirar o chapéu, mais uma vez, o vocalista do Death Angel está nas ótimas Power Drunk Majesty (Part I) – cuja passagem instrumental levada pelo baixo, no fim, remete levemente àquela de Rime of the Ancient Mariner, do Iron Maiden – e Impulse Control, na qual Skolnick também arrasa com riff e solos sensacionais.

O outro gogó com título de sócio-proprietário é Troy Sanders (Mastodon), que aparece em Liars & Thieves, canção com umas repetições instrumentais quase hipnóticas. Todas estas linhas já deveriam ser suficientes para fazê-lo ter Volume II – Power Drunk Majesty na coleção, mas anote aí três músicas que vão convencê-lo a comprar o CD assim que acabar de ler esta resenha: Terminal Illusion, com Mark Tornillo (Accept), e Bound By Silence, com John Bush (Armored Saint) são aquele heavy metal injetado na veia que faz qualquer um abrir o sorriso; e Voodoo of the Godsend é uma música especialmente feita para Max Cavalera (Soulfly e Cavalera Conspiracy), que escreveu a letra com várias referências a um passado já distante. E sua interpretação ficou animal. Convencido?


Faixas
1. The Accuser
2. Bound By Silence
3. Mother of Sin
4. Terminal Illusion
5. King With a Paper Crown
6. Voodoo of the Godsend
7. Liars & Thieves
8. Impulse Control
9. Power Drunk Majesty (Part I)
10. Power Drunk Majesty (Part II)


Banda
Alex Skolnick – guitarra
Mark Menghi – baixo
David Ellefson – baixo
Mike Portnoy – bateria

Convidados
Bobby Blitz – vocal
Floor Jansen – vocal
Johan Hegg – vocal
John Bush – vocal
Mark Osegueda – vocal
Mark Tornillo – vocal
Max Cavalera – vocal
Trevor Strnad – vocal
Troy Sanders – vocal
Andreas Kisser – guitarra
Joe Satriani – guitarra
Nita Strauss – guitarra

Lançamento: 07/09/2018

Produção: Alex Skolnick e Mark Menghi
Mixagem: Mark Lewis