Metal Church – Damned if You Do

RAT PAK/SHINIGAMI | NACIONAL | 2018

Foto: Melissa Castro/Divulgação

Metal Church – Damned if You Do

O Metal Church conseguiu de novo. “Damned If You Do” fica um pouco atrás de “XI” (2016), talvez porque sua audição não venha acompanhada da empolgação com o retorno de Mike Howe, mas o 12º disco de estúdio do quinteto é matador! E com um detalhe que traz um sabor todo especial: exala anos 80. Não apenas na produção deliciosamente orgânica do guitarrista Kurdt Vanderhoof, desde sempre o líder e principal compositor da banda, mas também em músicas que resgatam aquela década, como as ótimas “The Black Things” e “Rot Away”.

Mas o bicho pega mesmo nas excelentes “Out of Balance” e “The War Electric”, porque, meu amigo, elas são de arrepiar quem gastou os vinis “Metal Church” (1984) e “The Dark” (1986) de tanto ouvi-los três décadas atrás. Elas têm todos os elementos que transformaram estes dois álbuns em clássicos absolutos do heavy metal, mas com a roupagem da segunda e maravilhosa fase do Metal Church, de 1988 a 1995, exatamente com Howe nos vocais.


Sim, os anos antes do primeiro hiato do grupo são fortemente representados em canções que poderiam ter saído dos primeiros três trabalhos com o então jovem vocalista cabeludo e loiro. Mais rápida e com aquele riff palhetado sempre funcional, “Guillotine” parece irmã de Conductor, do infelizmente subestimado “Hanging in the Balance” (1993), enquanto “Into the Fold” poderia ter saído de “Blessing in Disguise” (1989), e “Monkey Finger”, de “The Human Factor” (1991).

“Monkey Finger”, aliás, apresenta todo o groove que a banda ganhou com a entrada de Howe no lugar do saudoso David Wayne (1958-2005). E não deixa de ser curioso que, com “Damned If You Do”, Howe – que sempre foi um favorito dos fãs – passe a ser a maior voz na história do Metal Church: são cinco discos gravados contra quatro de Ronny Munroe, com quem o grupo teve seus momentos menos inspirados, e três de Wayne.

Como se fosse para comemorar a marca, a faixa-título, lançada pouco menos de um mês antes, como primeiro single e videoclipe, já tinha dado uma amostra do poder de fogo. Mas aqui, como abertura do CD, vira um poderoso novo cartão de visitas com seu riff destruidor (Vanderhoof tem uma mão direita de muito respeito) e um refrão para castigar os pulmões.


E como se não bastasse tudo isso, o álbum ainda nos reserva duas das melhores músicas do Metal Church: “By the Numbers”, que já virou clipe (hilário, por sinal), é simplesmente sensacional, com mais um riff contagiante e uma baita linha vocal enriquecida pela performance nervosa de Howe; e “Revolution Underway” traz um instrumental cheio de mudanças e belas passagens, nas quais brilham o guitarrista Rick Van Zandt, o sólido baixista Steve Unger e, principalmente, o batera Stet Howland.

Na banda desde abril de 2017, quando entrou na vaga de Jeff Plate (Trans-Siberian Orchestra, Savatage), o ex-W.A.S.P. é uma usina de força. Depois de vencer um câncer no início deste ano, Howland espanca o kit como se sua vida dependesse disso. E faz bonito.

Fotos: Melissa Castro/Divulgação

Faixas
1. Damned if You Do
2. The Black Things
3. By the Numbers
4. Revolution Underway
5. Guillotine
6. Rot Away
7. Into the Fold
8. Monkey Finger
9. Out of Balance
10. The War Electric


Banda
Mike Howe – vocal
Kurdt Vanderhoof – guitarra
Rick Van Zandt – guitarra
Steve Unger – baixo
Stet Howland – bateria

Lançamento: 07/12/2018

Produção: Kurdt Vanderhoof