Angra

Edu Falaschi e Aquiles Priester falam do recomeço do Angra, de influências pessoais e da sequência do trabalho da banda com Hunters and Prey

Foto: Guilherme Andrade/Divulgação

Angra

Por Daniel Dutra | Ilustração: Mario Alberto | Fotos: Guilherme Andrade/Divulgação

Desde o lançamento de Rebirth, em outubro de 2001, que o Angra não para. O grande nome brasileiro na atual cena do heavy metal vem colhendo os frutos do bom momento por que atravessa – merecidamente, diga-se de passagem. Uma bem-sucedida turnê nacional e apresentações na América do Sul (Argentina e Chile) e Europa (Alemanha, Bélgica, Espanha, França, Itália, Holanda e Suíça) vieram na sequência do disco de ouro, com 50 mil cópias vendidas em pouco mais de um mês no Brasil. Na TV, a banda se apresentou no Musikaos, Altas Horas e Programa do Jô, além de ter gravado uma versão de Pra Frente Brasil – tema da seleção brasileira tricampeã mundial em 1970, no México – para o programa Tá Na Área, do SporTV. Agora é a vez do miniálbum Hunters and Prey, que chegou às lojas há pouco mais de um mês e já foi seguido por uma temporada de shows no Japão. A continuação promete ser ainda mais interessante, com a presença do grupo em festivais no exterior e o lançamento do primeiro DVD. E foi para comentar a ótima fase do Angra que o vocalista Edu Falaschi e o baterista Aquiles Priester concederam uma entrevista ao International Magazine. Em um papo descontraído, os músicos falaram do novo disco, do sucesso e até mesmo de influências pessoais. Aqui você tem os melhores momentos da conversa.

Lançar um EP logo depois de um CD não é novidade para o Angra. A banda já havia feito isso com Evil Warning (1994), Holy Live (1997) e Freedom Call (1996). Há alguma diferença do Hunters and Prey para esses trabalhos?
Edu Falaschi: Na verdade, os outros discos foram uma continuação do oficial, tinham menor duração e eram considerados EPs. O Hunters and Prey é um trabalho mais longo, então o chamamos de miniálbum, já que tem oito músicas e uma faixa interativa riquíssima em detalhes. Agora, o mais legal nesse tipo de lançamento é que você pode mostrar outro lado, inovar e colocar algumas coisas inusitadas. Achamos que foi um bom momento para fazer isso, até porque foi um pedido dos fãs.

E no novo trabalho isso fica bem claro. Os ritmos brasileiros estão mais evidentes, já que em Rebirth foram colocados de forma mais tímida, e há até mesmo uma música mais arrastada, Eyes of Christ, que lembra bastante os primeiros trabalhos do Dio.
Edu: Exatamente. O que nós quisemos mostrar foi um lado de originalidade, diferenças e variedade. O Rebirth foi um álbum muito bem pensado, o trabalho da provação por causa da mudança de formação na banda. Queríamos gravar algo para mostrar aos fãs que o Angra continuava o mesmo, que nossa essência e som continuavam os mesmos.

Inclusive foi um trabalho que remeteu a Angels Cry (1993).
Edu: Nos tínhamos a preocupação e obrigação de provar que o Angra não tinha mudado. Poderíamos ter feito tudo diferente ou continuar com o som que gostamos de fazer, com as origens da banda. Como estamos muito mais consolidados no mercado e, principalmente, com os fãs antigos, com o novo disco pudemos fazer um trabalho mais diferenciado. Com isso, o público brasileiro acabou ficando com quatro inéditas do Angra, pois a balada Bleeding Heart foi bônus da versão japonesa do Rebirth.


A faixa-título, então, foi uma agradável surpresa. O trabalho de percussão é muito bom, dando mais vida aos ritmos nordestinos, e a letra da versão em português encaixou bem.
Edu: O Douglas (Las Casas, percussionista) é muito bom, e a transcrição para o português ficou ótima. Tudo encaixou perfeitamente, mesmo, porque a música é bem brasuca, um super baião. É um exemplo da variedade que tivemos no disco, com as músicas novas, as duas faixas acústicas e gravadas em estúdio especialmente neste formato, algo que o Angra também não fazia.

Isso sem falar no cover de Mama, do Genesis. Mas por que uma música da fase Phil Collins, em vez de algo do Peter Gabriel?
Edu: Temos mais a ver com a fase do Peter Gabriel, realmente, mas seria muito óbvio, fácil e mais bem aceito. Escolhemos Mama porque é uma música meio sombria e com uma letra muito louca, além de ser de uma época em que o Genesis estava mais popular. E o Phil Collins é um mestre, um grande compositor e músico. No fim, resolvemos tocar essa música para fazer algo diferente, para não cair no lugar-comum.

E por que Kashmir, que a banda gravou para um tributo ao Led Zeppelin, não entrou no Hunters and Prey? Vocês optaram por deixá-la fora do disco ou houve algum problema contratual?
Edu: Cara, isso foi muito triste, pois a versão ficou maravilhosa. Dá até dor no coração tocar no assunto (risos). A gravadora espanhola que irá lançar o tributo ao Led pediu que gravássemos uma música, então escolhemos Kashmir. Queríamos colocá-la no miniálbum, mas não pudemos.

O que é uma pena, pois ela combina bem com atual momento musical da banda, em particular com sua voz.
Edu: Sem dúvida. Você verá como ficou legal, pois nós fizemos uma versão que ficou bem progressiva. Claro que a base principal foi mantida, mas colocamos algumas percussões, tipo Olodum mesmo, e a música ficou com um peso a mais também por causa das guitarras, com timbres mais modernos (N.R.: Edu refere-se ao avanço tecnológico do instrumento, não ao estilo new metal). Ela será lançada ainda este ano, mas a gravadora não liberou para o Hunters and Prey. Foi uma pena.

Na gravação da bateria, você manteve aquela linha reta do John Bonham ou improvisou algumas coisas como em Perfect Strangers (N.R.: cover do Deep Purple lançado como bônus do CD Inside Your Soul, do Hangar, banda na qual Aquiles Priester tocava antes de entrar para o Angra)?
Aquiles Priester: Mantive, mas improvisei algumas coisas. Cheguei a pensar que as pessoas mais familiarizadas com o Led não iriam gostar, mas todos os que ouviram até agora aprovaram, falaram que deu uma cara nova à música, que é um clássico. Tocar algo do John Bonham é uma responsabilidade muito grande, tanto quanto do Ian Paice, por isso não mudei a essência de Kashmir, aquele lance pesado e arrastado. O Bonham conseguia ser, ao mesmo tempo, um batera econômico, de muito bom gosto e bastante pessoal. Você ouve e sabe que quem tocou foi ele.

Em relação a covers, a banda recentemente foi criticada por sempre tocar músicas do Iron Maiden nos shows (N.R.: no caso, The Number of the Beast). O que você pensa disso?
Aquiles: Na verdade, já temos material suficiente para não tocar mais nenhum cover. Mas quando fazemos isso, estamos dando um bônus para os fãs. O show do Angra acaba em Carry on, que é sempre a última música do set. Não sei se continuaremos a tocar Iron Maiden ou se voltamos com Painkiller, do Judas Priest, por exemplo, mas sempre faremos algum cover, pois é mais um momento de alegria e descontração com o público.

Tem alguma de outro artista que você gostaria de tocar ao vivo?
Aquiles: Se eu fosse escolher? (pensativo) Nossa, isso é difícil. O legal de tocar Iron Maiden é que não importa a música, a galera vai conhecer. The Number of the Beast, por exemplo, nós sequer chegamos a ensaiar. Outra coisa legal é que o Edu canta muito bem as músicas do Iron. O que seria um problema, ter um vocalista com capacidade de levar as músicas, é uma facilidade para nós.

No Hunters and Prey você está bem mais solto, com arranjos mais quebrados. Isso foi proposital? Você segurou mais no Rebirth e agora teve mais liberdade?
Aquiles: Antes, talvez por eu ter sido o primeiro a entrar na banda, já que quando o Edu chegou nós já tínhamos quatro músicas prontas (N.R.: Rebirth, Acid Rain, Running Alone e Unholy Wars). Mas quando começamos a pré-produção, vimos que o Dennis Ward (N.R.: produtor do Rebirth e Hunters and Prey) estava mais acostumado a gravar hard rock, coisas mais simples. Ele disse que deveríamos ter um cuidado especial na hora de gravar, pois eu usava muito mais notas do que ele estava acostumado. Enquanto ele descobria a maneira como eu toco, eu aprendia a ser gravado por alguém me dizendo o que fazer, um produtor musical de verdade. O Dennis ajudou muito a definir os arranjos, a colocar os licks e as próprias viradas nos lugares certos. Foi um aprendizado imenso, e posso dizer que minha concepção de arranjos mudou depois de tê-lo conhecido.

E o Angra nunca teve discos tão bem produzidos como os dois últimos. Houve alguma diferença nas gravações dos trabalhos?
Aquiles: Gravar o Hunters and Prey no Brasil foi bem diferente. Na Alemanha, onde fizemos o Rebirth, nós ficamos muito isolados, e ainda tinha o fuso horário para complicar. Pensamos que isso não faria diferença, mas fez muita. Imagine ter de tocar todo dia, durante uma semana, num horário ao qual você não está acostumado. Chega uma hora em que você fica arrasado. Aqui foi muito mais solto, até pelo fato de ser um miniálbum e por termos passado pelo teste do primeiro trabalho, de as pessoas terem aprovado o novo Angra em estúdio e ao vivo. Gravamos num clima mais livre, e eu mesmo toquei mais solto. No Rebirth, em função das composições, resolvemos tirar muita coisa que eu achava importante. Agora, todos os arranjos que fiz permaneceram.

Vocês estão indo para o Japão no dia 10 de junho. Mas haverá alguma turnê de divulgação do Hunters and Prey no Brasil, já que recentemente a banda fez alguns shows em cidades do interior?
Edu: Estamos indo para um turnê de vinte dias pelo Japão, mas passaremos antes por Taiwan, sendo que o Angra será a primeira banda sul-americana de heavy metal a tocar lá. Faremos alguns shows no interior de São Paulo quando voltarmos e, no fim de julho, iremos para a Europa participar de alguns festivais, como o Rock Machina, na Espanha, e o Wacken, na Alemanha. Na volta será a vez das grandes capitais, como São Paulo e Rio de Janeiro.

Falando em festivais, em novembro o Angra tocará pela primeira vez no Estados Unidos.
Edu: Isso mesmo! Fomos convidados para tocar no Prog Power, que é um grande festival americano. Vamos aproveitar também a passagem pelos EUA para uma turnê com o Blind Guardian, que deve chegar também ao Canadá. Retornando ao Brasil, no fim do ano, começaremos a pensar no novo disco.

Vocês já têm alguma música pronta? Há alguma definição em termos de estilo, já que o Rebirth é basicamente um disco de power metal melódico, mas com o Hunters and Prey já houve uma maior diversificação?
Edu: Bom, o próximo trabalho deve ser lançado no início de 2003, mas, na verdade, não estamos pensando muito nisso. Mesmo porque não estamos encontrando tempo (risos).

E depois de a banda ter vivido um ano de incertezas, impossível acontecer algo melhor.
Edu: Isso é muito bom. Estamos muito satisfeitos, todos falam que o Angra nunca trabalhou tanto como agora (risos). Em quase dez anos, a banda havia lançado três discos (N.R.: sem contar os três EPs, um deles apenas para o Japão), sendo que em um ano e meio estamos lançando o segundo trabalho, mesmo que um deles seja um miniálbum. Em dois anos já estaremos com o terceiro CD. Isso é um reflexo da alegria que estamos sentindo e do contato constante com os fãs, que é o mais importante.

Prova também que a repercussão não tem sido boa apenas no Brasil, mas também no exterior.
Edu: No Japão, então, é impressionante! O Hunters and Prey foi lançado em maio e vendeu quinze mil cópias em menos de vinte dias. Sentimos que estamos tendo uma grande receptividade não apenas porque o Angra tem uma nova formação, o que vira novidade, mas porque os fãs realmente gostaram. Eles perceberam que o Angra não mudou e ainda ganhou com a energia dos novos integrantes.

A boa vendagem do Rebirth, num primeiro momento, poderia até ser associada à nova formação. Mas o fator novidade já passou.
Edu: Sem dúvida. Poderia acontecer de os fãs comprarem um disco apenas para saber como as coisas ficaram, então ficaríamos sem sabermos se vendeu bem porque eles gostaram de verdade. Com o Hunters and Prey, tivemos mais uma vez a certeza de que não foi isso, já que na Europa também está vendendo muito bem. No Brasil, a primeira tiragem foi de dez mil cópias e já esta esgotada.

Além de o Angra não ter perdido espaço e estar conquistando uma posição de destaque cada vez maior, você também foi muito bem aceito pelos fãs. A saída do vocalista é sempre um trauma, ainda mais no caso do Andre Matos, um frontman e vocalista carismático e muito respeitado. Mas você até agora não teve problema algum com isso.
Edu: Eu só tenho a agradecer, mesmo porque foram os fãs que me colocaram no Angra, mandando muitos e-mails e cartas para o Rafael e o Kiko pedindo que eu fosse o substituto do Andre. Para mim é uma alegria e uma satisfação muita grande estar substituindo alguém bem conceituado, mas eu não comecei ontem. Tenho uma história de quase dez anos no underground (N.R.: com as bandas Mitrium e Symbols), sempre trabalhei muito e nunca tive medo de encarar desafios. Cheguei contando com o apoio de todos e mostrei o que sei fazer, sem querer imitar ou ser melhor que alguém.

Sim, ter um passado dentro do metal nacional foi fundamental para chegar sem ser um desconhecido qualquer.
Edu: Claro! Essa proximidade com os fãs ajudou bastante e é algo que gostamos de fazer. Não apenas eu, mas o Aquiles e o Felipe também, independentemente de sermos os novos integrantes do Angra. A banda sempre está em contato com o público, seja pelo nosso site ou durante as turnês. Particularmente, sempre gostei de conversar com os fãs, saber o que pensam, pois são eles que fazem as coisas acontecerem. Não consigo ter uma postura diferente, de pop star, de dar um autógrafo e ir embora. Muita gente me influencia não apenas artisticamente, como o Ronnie James Dio, que é um cara muito humilde.

Sem dúvida. É o maior vocalista do heavy metal em todos os tempos, mas que não tem nada de estrelismo e deixa os fãs tão à vontade que as pernas param de tremer alguns minutos depois que você o conhece (risos).
Edu: O cara não é apenas um monstro do rock, mas alguém que faz campanhas beneficentes, que se preocupa com o que acontece no mundo. Não é um idiota qualquer, metido apenas porque canta muito bem. São pessoas como ele, pelo carisma e respeito ao fã, que deveriam ser referência. Todo mundo já foi fã de alguma banda. Eu já fui e sei como é importante ser bem recebido pelo seu ídolo.

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Ilustração: Mario Alberto
Kiko Loureiro, Felipe Andreoli, Rafael Bittencourt, Aquiles Priester e Edu Falaschi
Kiko Loureiro, Felipe Andreoli, Aquiles Priester, Rafael Bittencourt e Edu Falaschi
Edu Falaschi, Felipe Andreoli, Aquiles Priester, Rafael Bittencourt (agachado) e Kiko Loureiro

Lembrando que o Dio é uma de suas maiores influências, você tem um estilo bem diferente do Andre Matos, com uma região mais grave, sem utilizar falsetes. Como está sua adaptação às músicas antigas?
Edu: Não uso falsete nas músicas que gravo, realmente. Não é muito a minha praia. Só que nas antigas eu tenho de fazer, pois é impossível alcançar os tons com voz normal, e incorporo o falsete para ficar o mais próximo possível do original. Mas é algo que eu nunca faria em estúdio, pois não quero imitar ninguém. E para o fã também ficaria estranho se ao vivo eu fizesse de outra forma. Senti isso no Iron Maiden com o Blaze Bayley, ou seja, assistir a um cara cantar as músicas que você conhece de maneira totalmente diferente. Respeito muito o que os fãs querem ouvir, por isso ao vivo eu procuro cantar como está no disco, com as mesmas notas e agudos. Mas em estúdio eu tenho de mostrar o meu estilo, já que com o passar do tempo será natural o set list ter mais músicas originalmente cantadas por mim, restando apenas os clássicos como Carry on e Nothing to Say, por exemplo.

Você diria que a receptividade em relação aos novos integrantes e o sucesso do Rebirth formam um caso único, já que muita gente vem falando que a atual formação do Angra é tecnicamente melhor que a anterior?
Edu: Olha, sou suspeito para falar (risos). Os antigos membros são excelentes músicos, de grande técnica. Mas o que acontece, por exemplo, é que quando você assiste ao Aquiles tocar, percebe que ele tem um lance a mais, é diferenciado. Ele preenche os espaços sem ser exagerado, de uma maneira que poucos bateristas conseguem, tipo Gene Hoglan ou Deen Castronovo, que tocam e você não consegue imaginar o que eles estão fazendo.

Falando nisso, Aquiles, quantas vezes você assistiu à videoaula do Deen Castronovo (N.R.: High Performance Drumming, de 1991)?
Aquiles: Pô, descobriu meu segredo! (risos) Comprei o vídeo em 95 e fiz uma cópia para não correr o risco de estragar o original (risos). Deen Castronovo é uma das minhas maiores influências. O primeiro trabalho que ouvi com ele foi o Maximum Security, do Tony MacAlpine, em 94, e eu pirei! Um pouco tarde, pois o disco é de 87 e ele já roubava a cena. Depois ouvi o Infra-Blue (1990), do Joey Tafolla, e fui atrás dos outros trabalhos.

Dá para perceber. No seu solo você chegar a usar um trecho do vídeo, que é aquele trabalho de repetição de caixa e bumbo em sequência.
Aquiles: Totalmente! Mdei pouca coisa, mas a ideia veio do lick dele mesmo, que é muito difícil. Para quem ouve pode até parecer simples, mas é bem complicado ficar repetindo uma técnica de rudimento de flam (N.R.: duas notas no bumbo, sendo a segunda mais acentuada. Na videoaula, Castronovo faz variações com outras notas em tempos diferentes).

Você chegou a assistir ao Ozzy Osbourne com o Castronovo em 98, no Monsters of Rock, em São Paulo ou no Rio de Janeiro? Ele foi um show à parte.
Aquiles: Cara, eu não fui e quase morri por isso. Tinha de estar lá só para respirar o mesmo ar que ele (risos). Depois eu consegui a fita e pude ver que em músicas completamente retas ele conseguia destruir.

O engraçado é que ele foi demitido por isso. Até na hora de pisar na bola o Ozzy é um mestre. Ele justificou a demissão dizendo que o Castronovo tocava de um jeito muito complexo (risos).
Aquiles: O Ozzy perdia direto o tempo das músicas por causa do Castronovo. Menos a banda (N.R.: o baixista Geezer Butler e o guitarrista Joe Holmes), claro, já que ele sempre tem os melhores músicos a seu lado. Tem uma hora em que ele vira para a bateria e pede ao Castronovo para segurar a onda (N.R.: a cena, hilária, aconteceu no show de São Paulo, depois do solo de guitarra em Paranoid).

O próximo lançamento do Angra será um DVD (N.R.: Rebirth World Tour – Live in São Paulo), algo inédito para a banda. Como ele vem sendo trabalhado?
Edu: Nós gravamos todo o show do Via Funchal, no dia 15 de dezembro de 2001, e estamos em fase de produção, trabalhando nas cenas de backstage e nos bônus. Vamos incluir trechos de outros shows, inclusive os do Japão, algo mais simples. Não terá a mesma qualidade da atração principal, pois tínhamos sete câmeras e uma superprodução em São Paulo. Será lançado no segundo semestre e será algo muito legal, provando mais uma vez que o negócio do novo Angra é trabalho, mesmo. Não tem essa de ficar três anos sem gravar nada. Estamos trabalhando com bastante satisfação e alegria, fazendo o que mais gostamos: música.

Entrevista realizada no dia 6 junho de 2002, por telefone, e publicada na edição 85 do International Magazine, em julho do mesmo ano. Foi o terceiro número do jornal com material meu, e o papo com Edu Falaschi e Aquiles Priester foi a primeira entrevista que fiz depois que comecei a escrever sobre música – profissionalmente, digamos assim, porque os textos em fanzines do KISS, ainda adolescente, e do fã-clube do Queensrÿche, já na faculdade de jornalismo, obviamente não contam.