Nuclear Assault

No ano da volta às atividades e no mês do retorno ao Brasil, um rápido bate-papo com Dan Lilker, que deseja mostrar às pessoas o verdadeiro metal

Foto: S. Bollmann/Divulgação

Nuclear Assault

Por Daniel Dutra | Fotos: S. Bollmann/Divulgação

Um dos ícones do thrash metal nos anos 80, o Nuclear Assault está de volta com sua formação original. Onze anos depois de gravarem Out of Order, John Connelly (guitarra e vocal), Dan Lilker (baixo), Anthony Bramante (guitarra) e Glenn Evans (bateria) estão juntos novamente. Por telefone, Lilker concedeu uma rápida e divertida entrevista.

Como e por que se deu a volta?
Tudo começou no início deste ano. Eu havia deixado a banda há dez anos porque queria me dedicar ao Brutal Truth, que acabou em 1998. Aí o S.O.D. voltou com um novo disco e eu não queria mesmo tocar em dois grupos. Recentemente, no entanto, perguntei aos outros integrantes do Nuclear se eles queriam fazer alguns shows, pois certamente seria divertido como antes. Entramos em contato com alguns produtores e voltamos em abril, no Metal Fest, em Nova Jersey (EUA).

A ideia partiu de você, então?
Sim. Há alguns anos eles queriam voltar, e eu disse não. Agora foi minha vez de perguntar se eles topavam, e eles disseram que sim (risos).


E como têm sido os shows até agora?
Tocamos no CBGB, em Nova York, e gravamos nosso show em Massachusetts para um álbum ao vivo, mas não lembro o nome dele agora (risos). Estivemos no Wacken Open Air, na Alemanha, e agora chegamos ao Brasil.

Por que apenas um show no país?
Infelizmente, não é uma decisão apenas nossa. Recebemos o convite e aceitamos, mas seria maravilhoso tocar no Rio de Janeiro e até na Amazônia (risos).

E há planos para um disco de estúdio?
Eu e John já escrevemos umas oito músicas novas, mas tudo parou há uns dois meses porque eu e minha esposa nos mudamos de Nova York. Temos de voltar a nos reunir para compor mais um pouco, pois tenho certeza de que o disco ficará excelente. Arrumar uma boa gravadora não será difícil, pois as pessoas estão mostrando bastante interesse na volta do Nuclear Assault.

Isso é muito bom, porque o cenário hoje é muito diferente dos anos 80.
Hoje nós temos um underground forte com o death e o black metal, mas existem coisas populares como o new metal que não me agradam. Na verdade, acho uma merda (risos). Chamar isso de heavy metal é besteira. Quando as pessoas me perguntam por que voltamos, eu digo que foi para acabar com o new metal (risos). Se você quer ouvir boa música, então tem de fazê-la. Está na hora de mostrar às pessoas o verdadeiro metal. O estilo está voltando à mídia porque todos estão ficando de saco cheio desse lixo de rap metal (risos).


A banda chegou a lançar um disco, Something Wicked, depois que você saiu. O que você acha dele?
Você ouve e percebe que minhas influências não estão lá. É legal, mas é algo que eu provavelmente não faria. O grupo continuou por mais um ano ou dois, mas o antigo feeling não existia mais. O material que estamos escrevendo lembra a época do Handle With Care (1989). Acredito que você dirá “sim, é isso mesmo!” quando escutar.

Para terminar, o que houve com o S.O.D.? Muito se falou em problemas com Billy Milano.
O que eu posso dizer? Scott Ian (guitarra) e Charlie Benante (bateria) estavam ocupados com o Anthrax, e os outros membros da banda ficaram enciumados com toda a atenção que o S.O.D. despertou com o Bigger Than the Devil (N.R.: terceiro disco, de 1999). Billy acabou demitindo os dois, que não teriam tempo para os shows que nós pretendíamos… Bom, Billy gosta de falar mais alto que todo mundo (risos). Para mim não houve problema, pois acredito que mais um disco arruinaria a magia.

O Nuclear Assault estava no Brasil para se apresentar em São Paulo depois de 13 anos – a primeira e até então última vez havia sido em 1989. Eu estava colaborando com o International Magazine fazia cinco meses quando soube da possibilidade de falar com Dan Lilker, tipo “ele tem dez minutos para falar ainda hoje. É por telefone. Topa?” Não deu para preparar pauta. Foi pensar em meia dúzia de tópicos e ligar. E valeu a pena. Publicada na edição 88 do jornal, em outubro de 2002, foi a segunda entrevista que fiz depois que comecei a escrever sobre música. E foi ela que inaugurou a seção Disconnected, assinada por mim no tabloide.