Por Daniel Dutra | Fotos: Divulgação
A expectativa era alta depois do autointitulado álbum lançado em 2016, um dos melhores lançamentos daquele ano no mundo do rock pesado, e The End of Chaos não decepcionou. Muito pelo contrário. Com uma mudança na formação – a entrada do experiente Ken Mary (Fifth Angel, ex-Impellitteri, Chastain, Alice Cooper e House of Lords) no lugar de Jason Bittner, hoje no Overkill –, Eric “A.K.” Knutson (vocal), Michael Gilbert e Steve Conley (guitarras) e Michael Spencer (baixo) organizaram mais uma aula de heavy metal. Porque o 13º disco de inéditas do Flotsam and Jetsam transcende os rótulos dados à banda americana, especialmente o thrash metal.
Com uma introdução dentro da própria música, Prisoner of Time abre o CD respirando metal tradicional bem melódico, destacando a linha de baixo e a melodia vocal, porque a pancadaria só começa na faixa seguinte, a ótima Control. E é impossível esconder o sorriso no rosto com o lick inicial de Mary, que começa quebrando tudo, como numa viagem de volta ao tempo de Alice Cooper – mais precisamente de Freedom, de Raise Your Fist and Yell (1987). Como toca esse cara! E é bom demais ver o batera novamente num grupo como o Flotsam and Jetsam, no qual pode inserir doses generosas de fúria em sua técnica apurada.
Mary é, de fato, um show à parte em The End of Chaos. Quer mais uma introdução avassaladora de bateria, desta vez no meio do instrumental? Ouça Good or Bad, que tem uma levada sensacional e ainda presenteia o ouvinte com um baita trabalho de Gilbert, Conley e Spencer nas cordas. Se o dono das baquetas rouba completamente a cena em Snake Eye, no geral ele está muito bem acompanhado, porque em poucos minutos de música rolando você pode notar que os guitarristas estão matando a pau com riffs cortantes e solos, e que o baixista continua tirando um som bonitão do instrumento. Confira Slowly Insane, cuja parte instrumental pula-pula não vai deixá-lo parado.
Aliás, o que não faltam são momentos absolutamente empolgantes no novo trabalho. Primeiro videoclipe extraído do álbum, Demolition Man é um exemplo perfeito, mas a faixa deve ser bem servida ao lado de canções como Recover, que tem novo show de Mary e um refrão simples e espetacular; e Architects of Hate, por sua vez com solos matadores de Gilbert e Conley e, por último, mas não menos importante, uma intepretação raivosa de A.K., para variar marcando território com sua voz inconfundível e uma performance que equilibra muito bem emoção e técnica.
É ele, por exemplo, quem apresenta a combinação de elementos muito bem misturados pelo grupo. Seja no heavy metal de primeira linha de Prepare for Chaos, com uma rifferama das boas, e Survive, que soa ainda mais metal clássico; seja nas rápidas Unwelcome Surprise e The End, esta com um grande refrão. Em tempo: a versão japonesa vem com uma faixa bônus, a ótima Another One, que poderia muito bem resumir o disco: o vocalista guiando um instrumental poderoso, com o baixo pulsante e os riffs e solos precisos, mas com A.K., Gilbert, Conley e Spencer virando para Mary e falando “Faz aí uma daquelas entradas espetaculares para usarmos na música”. E o batera fez ainda melhor…
Faixas
1. Prisoner of Time
2. Control
3. Recover
4. Prepare for Chaos
5. Slowly Insane
6. Architects of Hate
7. Demolition Man
8. Unwelcome Surprise
9. Snake Eye
10. Survive
11. Good or Bad
12. The End
Banda
Eric “A.K.” Knutson – vocal
Michael Gilbert – guitarra
Steve Conley – guitarra
Michael Spencer – baixo
Ken Mary – bateria
Lançamento: 18/01/2019
Produção: Flotsam and Jetsam
Mixagem: Jacob Hansen