Por Daniel Dutra | Fotos: Divulgação
A sensação imediata ao ouvir pela primeira vez o disco de estreia do Barril de Pólvora, autointitulado, é a de ter voltado aos anos 80, mais especificamente ao som pesado feito no Brasil à época. Pela qualidade do hard rock e do heavy metal que embalam o rock’n’roll praticado pela banda mineira, a satisfação da audição, por exemplo, foi a mesma de quando conferi o também homônimo álbum de estreia do Golpe de Estado. E com mais dois detalhes em comum, um positivo e outro nem tanto. As letras em português, muito bem construídas num idioma rico e difícil como o nosso, são dignas de elogio, mas a produção e até mesmo a timbragem dos instrumentos não precisavam remeter àquela década. Não ficou ruim, diga-se, mas em alguns momentos chega a segurar o grupo.
De fato, a produção não compromete o resultado final, uma vez que as músicas forjadas por Flávio Drager (vocal), Emerson Martins (guitarra), Saulo Santos (baixo) e Alexis Bomfim (bateria) são ótimas, mas Barril de Pólvora ganharia pontos com um som mais moderno e encorpado. Só que a cornetagem para por aí, porque a audição do CD é extremamente agradável. O Som do Trovão começa escancarando o metal tradicional dos anos 80, incluindo uma passagem mais doom na segunda metade, à la Black Sabbath, e apresenta um dos destaques do trabalho: a voz de Drager, que injeta sinceridade numa temática que poderia soar batida (heavy metal, o som do trovão).
Já que falamos nos pais do metal, Muito Papel pra Pouca Solução tem um riff que remete a Sabbath Bloody Sabbath, além de uma das melhores letras do quarteto – sobre algo bem comum no dia a dia do brasileiro: a burocracia. Inércia é um hard blues de primeira, com merecido destaque para os ótimos solos de Martins, e blues é algo que o Barril de Pólvora domina bem, uma vez que Blues da Saudade empolga, principalmente na interpretação de Drager e nos solos alternados entre Martins e Santos. E se o quarteto passeia por dois embriões musicais – o do metal e o do rock’n’roll –, era de se esperar que houvesse um rockão empolgante. E há: Tocando no Inferno.
Com um riff meio hipnótico, Loucuras, Sonhos e Delírios é um heavy rock mais cadenciado, com interessantes mudanças de tempo; e passagens instrumentais bem legais também não faltam à faixa-título, mais uma canção com uma letra bem sacada. Para completar, Tempestade, bonita instrumental guiada pela guitarra, fecha um CD que atira para mais de um lado e sempre acerta o alvo. Uma ótima estreia, que antecipa a expectativa para o que pode vir pela frente. Inclusive, de como a música será embalada pela mesa de produção.
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Faixas
1. O Som do Trovão
2. Muito Papel pra Pouca Solução
3. Inércia
4. Tocando no Inferno
5. Loucuras, Sonhos e Delírios
6. Blues da Saudade
7. Barril de Pólvora
8. Tempestade
Banda
Flávio Drager – vocal
Emerson Martins – guitarra
Saulo Santos – baixo
Alexis Bomfim – bateria
Lançamento: 2018
Produção: Rodrigo Garcia
Mixagem: André Cabelo