Shaman – Ritual

Universal Music | Nacional | 2002

Foto: Mario Alberto

Shaman – Ritual

Por Daniel Dutra | Fotos: Mario Alberto e Divulgação

Foram pouco mais de dois anos até o lançamento de Ritual, um trabalho aguardado não apenas por ser a estreia do Shaman em CD, mas principalmente por se tratar da banda dos ex-Angra Andre Matos (vocal), Luis Mariutti (baixo) e Ricardo Confessori (bateria). E para quem está se perguntando se valeu a pena, a resposta é simples: o Brasil ganhou duas bandas superiores a qualquer outra de metal melódico em todo planeta. Fim das comparações.

Apesar do infeliz rótulo de mystic metal, o Shaman cumpriu o que prometeu. Ritual é um belo disco de heavy metal, com grande riqueza sonora e detalhes que prendem a atenção a cada audição. Tudo é absolutamente bem feito, e a produção de Sascha Paeth com a banda, impecável. O disco abre com a bela instrumental Ancient Winds, e logo a ótima Here I Am chega para se tornar um daqueles clássicos instantâneos para começar um show ou futuramente ser a primeira do bis. É aqui que o guitarrista Hugo Mariutti começa a mostrar serviço: um riff bem sacado com uso moderado do harmônico.

Em um disco coeso do início ao fim, sem maiores exibições individuais, há de se destacar For Tomorrow (ótimo trabalho acústico do Grupo Terra América aliado ao peso das guitarras), Ritual e as excelentes Time Will Come (destaque para o melhor refrão do disco e, mais uma vez, para Hugo) e Over Your Head (grande trabalho com a melodia indiana e ótimo solo de Derek Sherinian, ex-tecladista do Dream Theater).


As participações especiais não param por aí. Fábio Ribeiro, que acompanha a banda ao vivo, é o convidado em Blind Spell. Marcus Viana (Sagrado Coração da Terra) aparece em três faixas, enquanto Tobias Sammet (Edguy) divide os vocais em Pride, a música mais anos 80 e que lembra bastante o Helloween da fase Keepers of the Seven Keys. Como infelizmente nem tudo são flores, Fairy Tale, na trilha sonora da novela O Beijo do Vampiro, da Rede Globo, é uma balada muito agradável, mas a ponte “Life is good…” é feia. Nada que desabone Ritual, obviamente.

O Shaman no palco: o show

A banda esteve no Rio de Janeiro no dia 27 de setembro, quando se apresentou no ATL Hall para um público que se não foi dos mais agitados nas músicas da banda, mostrou que está com as letras na ponta da língua e ficou mesmo prestando atenção nas “novidades”. A única de Ritual que ficou fora da apresentação foi Blind Spell, substituída com maestria não apenas por material do Angra, mas também por um festival de covers muito bem escolhidos.

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Nothing to Say e Carry on, claro, levaram os fãs ao delírio. As desnecessárias Wings of Reality e Lisbon também, com a última sendo cantada em uníssono. Não faltou Painkiller (Judas Priest), mas houve surpresas: com Matos na bateria e Confessori na guitarra e vocal, a banda emendou Paranoid (Black Sabbath). Luis incorporou Lemmy Kilmister de maneira hilária e funcional para cantar Ace of Spades (Motörhead), enquanto Burn (Deep Purple) ficou excelente.

Mas a compostura foi mesmo para as cucuias quando Yves Passarel (guitarrista do Capital Inicial) subiu ao palco para tocar Living for the Night, clássico do Viper (ex-banda de Yves e Matos) e do metal nacional. Foi a hora de relembrar os dias de Caverna II e cantar a plenos pulmões.

Resenha publicada na edição 88 do International Magazine, em outubro de 2002. A análise do disco veio acompanhada de um relato sobre o show de lançamento.