Deep Purple – Perihelion

Top Tape | Nacional | 2002

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Deep Purple – Perihelion

Por Daniel Dutra | Fotos: Divulgação

Há quatro anos sem lançar um disco de estúdio, o Deep Purple pode fazer com que os desavisados imaginem que a banda tem precisado de alguns anos para recuperar o fôlego. Porém, o que o grupo mais tem feito é soltar CDs e DVDs ao vivo no mercado para saciar a fome dos fãs. Estes, por sua vez, não estão nem um milímetro errados. Se há dinheiro no bolso, vale sempre a pena conferir o porquê de o Purple ser um dos melhores grupos da história do rock também em cima do palco.

O último lançamento é o DVD Perihelion, com a íntegra da apresentação realizada no Sunrise Theatre, na Flórida, em 5 de junho de 2001. O vídeo traz um atrativo a mais para o fã, já que provavelmente é o último lançamento com Jon Lord na banda. Aos 61 anos, o tecladista aproveitou a deixa de uma cirurgia no joelho para decidir ficar mais tempo com a família, se afastando das longas turnês do Purple. Em seu lugar entrou o experiente Don Airey, ex-Colosseum II, Whitesnake, Ozzy Osbourne e um sem-número da artistas.

Em aproximadamente uma hora e 40 minutos, o Purple faz um apanhado de sua história, obviamente das fases em que Ian Gillan é o vocalista, num show simples e ao mesmo tempo empolgante. Mais uma vez fica a prova do bem que a saída de Richie Blackmore fez ao grupo. “É ótimo estar numa banda feliz. Eu recomendo a todo mundo”, já dizia o baixista Roger Glover. Completando, é também evidente que o genial Steve Morse trouxe novo ânimo, revigorando o Purple mesmo musicalmente, como provam Purpendicular (1996) e Abandon (1998).


Sem comparações técnicas entre Morse e Blackmore, é certo que o primeiro provavelmente riu mais em Perihelion que o segundo em toda sua vida. E daí? Talvez isso sirva para explicar o fato de o Purple, em alto astral com Morse, estar resgatando muitas de suas músicas da década de 70, todas com o dedo de Blackmore. Foi assim como Maybe I’m Leo, Pictures of Home e Bloodsucker em turnês passadas, continuando com No One Came e a belíssima When I Blind Man Cries (sempre um show à parte de Morse nas seis cordas) até hoje. Agora, foi a vez de tirar Fools (Fireball, de 1971) e Mary Long (Who Do We Think We Are!, 1973) do fundo do baú. Pontos, muitos pontos para a banda.

Não é de hoje que o Purple é facilmente colocado entre as melhores bandas ‘on stage’, independentemente de seus integrantes serem músicos conceituados. Ian Paice não é mais o baterista extraordinário de álbuns como Burn, muito menos Gillan é o mesmo vocalista capaz de arrancar lágrimas com suas interpretações em Child in Time. Pouco importa. A idade pesa de um lado, mas traz experiência de outro. Por isso mesmo, as apresentações dos ingleses são sempre empolgantes.

Em Perihelion, músicas que têm lugar marcado na história – Woman from Tokyo, Lazy, Perfect Strangers, Smoke on the Water, Speed King, Hush e Highway Star – convivem muito bem com a “nova” fase. Ted the Mechanic e a maravilhosa Sometimes I Feel Like Screaming (inevitável dizer que Morse emociona até defunto aqui) não saem mais do repertório. E os fãs aplaudem de pé.

Infelizmente, o DVD só é encontrado em versão importada e não há previsão alguma de lançamento no Brasil. Mas assim como os CDs Live at The Olympia ’96, Total Abandon – Australia ’99 e Live at the Rotterdam Ahoy, é obrigatório aos fãs e essencial a quem gosta de rock. Em versão nacional, você pode adquirir tanto o CD como o DVD de In Concert With the London Symphony Orchestra, versão anos 90 do Concerto for Group and Orchestra. Ambos saíram em versão nacional pela Sum Records.

Resenha publicada na edição 88 do International Magazine, em outubro de 2002.