Ghost – Prequelle

Universal Music | Nacional | 2018

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Ghost – Prequelle

Por Daniel Dutra | Fotos: Divulgação

Prequelle figurou como o melhor disco de heavy metal de 2018 em vários lugares mundo afora, e isso não é nenhum exagero, acredite. Principalmente se a eleição for um compilado das escolhas individuais, porque é muito difícil deixar o quarto álbum de estúdio do Ghost fora de qualquer lista – a posição, claro, varia de acordo com o gosto pessoal, afinal, lista é como resenha: opinião. Mas o interessante de tudo é que a banda liderada por Tobias Forge conseguiu romper uma barreira num mundo conservador como o do rock pesado, porque as referências de música pop – mas pop mesmo, como Pet Shop Boys, que teve It’s a Sin regravada para uma edição exclusiva do CD – foram bem aceitas. Felizmente, porque o grupo está conseguindo, guardadas as devidas proporções, manter um pouco de metal no mainstream.

Mas, enfim, o fato é que Prequelle é bom demais, e chega a ser curioso que Forge tenha conseguido elevar ainda mais o nível do Ghost depois das polêmicas com ex-integrantes e do fim do mistério da sua identidade. Apesar de o Papa Nihil ainda estar presente, conceitualmente, Forge deu fim a uma linhagem de Papas – depois dos Papa Emeritus I, II e III – e surgiu com a figura do Cardinal Copia. Acabou o segredo, mas o teatro ainda funciona muito bem. Assim como a música da banda sueca. Depois da introdução Ashes, por exemplo, vem uma trinca arrasadora.


Rats tem uma levada sensacional, enriquecida por um baita riff heavy rock e uma ponte bem pop, que abre caminho para um refrão simples e um corinho funcional. Mais uma com um riff maneiríssimo – e desta vez o trabalho de guitarra acompanha solos bem sacados –, Faith tem umas paradinhas à la King Diamond no refrão, além de ir do pop ao metal com facilidade depois do primeiro refrão. Para fechar, See the Light soa como um pop prog dos anos 80, com uma melodia vocal viciante. As três canções são ótimas e mostram que é tudo muito bem construído, muito bem pensado.

Mas nem tudo são flores. Pro Memoria, por exemplo, é um tanto quanto cansativa em seus quase seis minutos de duração. Ironicamente, sua melodia serve de base para a excelente instrumental Helvetesfönster, uma peça progressiva com a participação de Mikael Åkerfeldt (Opeth) no violão – um dos vários convidados no disco, é bom ressaltar, mas definitivamente o mais conhecido. E por falar em instrumental, o Ghost acerta de novo com Miasma, que tem cara de trilha sonora de filme e detalhes que realmente fazem a diferença: os teclados de Salem Al Fakir, o solo de sax de Gavin Fitzjohn e um riff que lembra, intencionalmente ou não, Beat it, de Michael Jackson.


A rigor, apenas Pro Memoria e Witch Image não se destacam tanto. Esta última, na verdade, por ser quase uma Dance Macabre, mas ser um déjà vu de uma das melhores obras do Ghost merece perdão: esta trata-se de um hard pop dos anos 80, com um refrão irresistível e enorme jeito de hit. Maravilhosa. Sabe aquela pessoa que odeia heavy metal ou faz carinha de nojo porque o Ghost é, vá lá, satânico? Coloque Dance Macabre para ela ouvir e diga que é uma nova banda americana que estourou nas rádios dos EUA e da Europa. Depois, emende com Life Eternal – bonita, muito bonita! – e, em seguida, mostre a capa de Prequelle. Pronto. Você vai poder lembrá-la pelo resto da vida do erro que é o preconceito.

Faixas
1. Ashes
2. Rats
3. Faith
4. See the Light
5. Miasma
6. Dance Macabre
7. Pro Memoria
8. Witch Image
9. Helvetesfönster
10. Life Eternal

Banda
Cardinal Copia
Group of Nameless Ghouls
Papa Nihil

Lançamento: 01/06/2018

Produção: Tom Dalgety
Mixagem: Andy Wallace