Michael Schenker Fest – Resurrection

Nuclear Blast/Shinigami | Nacional | 2018

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Michael Schenker Fest – Resurrection

Por Daniel Dutra | Fotos: Divulgação

A ideia de juntar os três vocalistas originais do MSG, Gary Barden, Graham Bonnet e Robin McAuley, foi tão legal que o projeto rumou dos palcos para o estúdio. Com a adição de Doogie White, a voz do Michael Schenker’s Temple of Rock, o guitarrista alemão criou Resurection, o primeiro álbum de inéditas do Michael Schenker Fest. E como Chris Glen (baixo), Ted McKenna (bateria) e Steve Mann (teclados) completam a formação, tenha certeza de que o som é exatamente o heavy rock clássico que você esperava. No entanto, absolutamente atual e relevante para os dias de hoje.

Curiosamente, cada vocalista tem sua história muito bem representada em cada uma das músicas a que emprestou o talento e garganta. Pegue Everest, uma das duas com a voz de Bonnet, por exemplo. Ela poderia muito bem estar em Assault Attack (1982), o único disco que gravou com o Michael Schenker Group. O segundo frontman do MSG ainda brilha em Night Moods, uma das canções que, no geral, são uma viagem no tempo até a sonoridade do grupo nos anos 80, mas com uma roupagem atual que não assusta. E quase todos foram privilegiados com essa fusão.


Responsável pela fase mais bem-sucedida do MSG, comercialmente falando – à época, a banda mudou de nome para McAuley Schenker Group e gravou três discos de estúdio, Perfect Timing (1987), Save Yourself (1989) e M.S.G. (1991) –, McAuley resgata em Time Knows When it’s Time um pouco do lado acessível que fez muita gente torcer o nariz no fim daquela década. Injustamente, porque repare bem no ótimo refrão da canção e lembre-se que ele e Schenker fizeram muito isso no passado. Mas se é para abraçar o lado mais tradicional, fique com Heart and Soul, que ainda conta com a participação de Kirk Hammett (Metallica).

Único a gravar três músicas sozinho, White mostra a ponte entre o ontem e o hoje em The Girl With the Stars in Her Eyes, enquanto Anchors Away é uma bela continuação do trabalho que vinha realizando com Shenker no Temple of Rock – depois de gravar apenas um canção no homônimo CD de estreia, em 2011, ele assumiu o microfone de vez em Bridge the Gap (2013) e Spirit on a Mission (2015), E é White que, curiosamente, por ser o novato da turma de vocalistas, está na melhor música de Resurrection, a viciante Take Me to the Church.


Talvez não à toa, sejam bem mais tradicionais, digamos assim, as duas faixas com Barden – que, ainda jovem no fim dos anos 70, teve a missão de ser o vocalista da nova empreitada daquele genial e genioso ex-guitarrista do Scorpions e do UFO. Messing Around e Living a Life Worth Living, são aquele rock’n’roll movido a riffs de guitarra como se fazia lá no início do MSG, então você pode ouvi-las pensando em The Michael Schenker Group (1980), MSG (1981) e Built to Destroy (1983), o que diz muita coisa em relação à qualidade de cada uma.

Aliás, rock’n’roll movido a riffs e solo de guitarras… Os vocalistas são um atrativo, mas a festa tem dono (com o perdão do trocadilho). Schenker dá espaço para os convidados aparecerem, mas mostra brilho próprio do primeiro ao último seguinte, literalmente. Como na instrumental Salvation, na qual deixa um gostinho de quero mais ao largar o dedo justamente quando a canção vai acabando em fade out – e que timbre maravilhoso de guitarra o dele! O mesmo acontece em The Last Supper, uma das duas faixas com Barden, Bonnet, McAuley e White juntos, e um hard de primeira grandeza que acaba fazendo o fã pedir mais. E é Schenker quem salva a outra com as quatro vozes, porque Warrior não entusiasmou tanto quando foi lançada como primeiro single, mas nem de longe mostra o que é Resurrection. Ainda bem.


Faixas
1. Heart and Soul
2. Warrior
3. Take Me to the Church
4. Night Moods
5. The Girl With the Stars in Her Eyes
6. Everest
7. Messin’ Around
8. Time Knows When it’s Time
9. Anchors Away
10. Salvation
11. Livin’ a Life Worth Livin’
12. The Last Supper

Banda
Gary Barden – vocal
Graham Bonnet – vocal
Robin McAuley – vocal
Doogie White – vocal
Michael Schenker – guitarra
Chris Glen – baixo
Ted McKenna – bateria
Steve Mann – teclados

Lançamento: 02/03/2018

Produção: Michael Schenker e Michael Voss-Schoen
Mixagem: Michael Voss-Schoen