Por Daniel Dutra | Fotos: Divulgação
Cinco discos de estúdio nos anos 2010. Sim, o Overkill vai fechar a década com um CD de inéditas a cada dois anos, média mais que respeitável na era em que o streaming se consolidou como alternativa ao download. Mas nada disso importaria se a banda americana não tivesse lenha para queimar, e The Wings of War é a nova amostra de uma sequência impressionante de grandes trabalhos. É preciso fazer força para lembrar qual foi, guardadas as devidas proporções, o último álbum mais ou menos – ReliXIV (2005), talvez? – mas de Ironbound (2010) para cá todo lançamento é digno de entrar em qualquer lista de melhores do ano.
Sim, é impressionante, ainda mais se levarmos em consideração que o Overkill completa 40 anos em 2020. E sem tirar o pé do freio. É exatamente isso que fica na cara na música que abre o disco, Last Man Standing, porrada das boas com um refrão matador. Coisa linda de ouvir, assim como Believe in the Fight, que vem a seguir com uma melodia vocal feita para funcionar ao vivo, além de uma quebra de andamento sensacional. Pronto. Em dez minutos e 52 segundos, Bobby “Blitz” Ellsworth (vocal), D. D. Verni (baixo), Dave Linsk e Derek Tailer (guitarras) e o novato Jason Bittner (bateria, ex-Shadows Fall e Flotsam and Jetsam) mostram que a banda continua a toda.
O quinteto até reduz a marcha em Head of a Pin, mas a empolgação fica por conta do andamento cavalgado e da caixa de riff aberta por Linsk e Tailer. Aliás, é essa diversidade dentro do próprio disco que torna o thrash metal do grupo ainda mais interessante, afinal, como explicar a deliciosa loucura musica da ótima Bat Shit Crazy? Propositalmente ou não, o título é autoexplicativo. Mas aí vem Distortion, com algo de Iron Maiden no começo que leva o Overkill pelo caminho do heavy metal clássico, e na sequência A Mother’s Prayer, com um baita riff de baixo, dá início a uma nova pancadaria – diga-se mais uma vez, porque você já deve ter lido ou escutado por aí: Verni tem um dos timbres mais bonitos do instrumento no metal.
E se há algo que a banda não abandona é a veia punk, desta vez muito presente em Welcome to the Garden State, um arrasa-quarteirão que sugere um momento para recobrar o fôlego a seguir. Então, a sensacional Where Few Dare to Walk, outra mais cadenciada, atende ao pedido com louvor, principalmente porque é preciso enaltecer o trabalho das guitarras, mais uma vez; de Ellsworth, cuja voz continua maravilhosa e irresistivelmente nervosa; e de Bittner. O batera já vinha massacrando peles e pratos desde o começo, mas aqui recebe definitivamente o cartão de boas-vindas do fã. The Wings of War é o primeiro álbum sem Ron Lipnicki desde ReliXIV, vale ressaltar.
O início acachapante de Out on the Road-Kill, com umas paradinhas muito bem sacadas e novos ótimos riffs, prepara o terreno para o massacre final com Hole in My Soul. A décima faixa faz com que o disco termine como começou: machucando pescoços e apresentando riffs e mais riffs cavalares. Tudo bem que ainda tem a faixa bônus, In Ashes, divertida de tanto que soa descompromissada em relação ao restante do CD – e exatamente por isso talvez seja um extra. The Wings of War fica um pouco abaixo de The Grinding Wheel, cuja primeira audição reservou a ele um lugar cativo na lista de melhores de 2017, mas o 19º disco do Overkill é forte candidato a repetir o feito este ano.
Faixas
1. Last Man Standing
2. Believe in the Fight
3. Head of a Pin
4. Bat Shit Crazy
5. Distortion
6. A Mother’s Prayer
7. Welcome to the Garden State
8. Where Few Dare to Walk
9. Out on the Road-Kill
10. Hole in My Soul
11. In Ashes (faixa bônus)
Banda
Bobby “Blitz” Ellsworth – vocal
Dave Linsk – guitarra
Derek “The Skull” Tailer – guitarra
D. D. Verni – baixo
Jason Bittner – bateria
Lançamento: 22/02/2019
Produção: Overkill
Mixagem: Chris “Zeuss” Harris