Queensrÿche – The Warning

EMI | Nacional | 1984

Foto: Divulgação

Queensrÿche – The Warning

A boa impressão causada com o homônimo EP, lançado no ano anterior, serviu para gerar grande expectativa em relação ao primeiro álbum do Queensrÿche, The Warning. Com mais recursos e experiência de palco na bagagem, a banda manteve o padrão musical e não decepcionou. As músicas possuem um trabalho instrumental ainda mais apurado e com arranjos bem trabalhados, mas sem abrir mão do peso que caracterizou a banda no início da carreira – apesar de a mixagem de Val Garay não ter agradado ao quinteto.

Warning, Deliverance, N M 156, Before the Storm e Child of Fire são metal clássico e elegante, com um instrumental que raramente ouvimos nos dias de hoje, e nenhuma música se parece com a outra – lembre-se: à época não havia padrões estabelecidos e a quantidade de rótulos no rock pesado. Nos cinco exemplos temos refrãos fortes, instrumental muito bem tocado e riffs de guitarra, algo que entrou em extinção desde que o metal melódico solidificou seus alicerces.

Emocionais, En Force e No Sanctuary trazem boas lembranças. Peso e partes lentas convivendo em perfeita harmonia, mas nada a ver com a fórmula que mescla um rápido trabalho de dois bumbos e uma interseção que serve de freio de mão. São bonitas sem precisar fazer esforço, mas não há nada melhor que Take Hold of the Flame e Roads to Madness para lembrar que houve uma época em que o heavy metal não era tão mecânico. São dois momentos de rara inspiração: a primeira é um verdadeiro hino, e a segunda, um épico.


Take Hold of the Flame é a típica música para os fãs cantarem o refrão com as mãos para o alto, enquanto Roads to Madness não se repete em seus nove minutos de duração. Duas aulas de uma época de romantismo no heavy metal. Em ambas a interpretação de Geoff Tate foi suficiente para colocá-lo entre os melhores vocalistas do metal, e os anos apenas confirmaram sua posição de destaque na história do rock. Infelizmente subestimado, Eddie Jackson mostra que não é necessário ser cabeção de acorde para se tornar um baixista de heavy metal; Scott Rockenfield prova que classe e elegância existem em alguns bateristas de rock pesado; e Chris DeGarmo e Michael Wilton são uma das melhores duplas de guitarristas em todos os tempos.

As nove faixas são um bálsamo quase duas décadas depois de seu lançamento. Apesar da excelência dos músicos, nunca houve autoindulgência em todos esses anos, mas uma evolução cristalina, a despeito das mudanças disco a disco na fase áurea. Por isso, não espere demonstrações muitas vezes desnecessárias de virtuosismo (excesso por que peca o Dream Theater, por exemplo). Para muitos é maturidade, mas o fato é que o Queensrÿche esteve várias vezes à frente de seu tempo, e The Warning foi a primeira amostra.

Como curiosidade, experimente também ouvir o disco com as faixas em sua ordem original, idealizada pela banda – a gravadora alterou o tracklist a seu bel-prazer: N M 156, En Force, Deliverance, No Sanctuary, Take Hold of the Flame, Before the Storm, Child of Fire, Warning e Roads to Madness. Clique aqui e escute no Spotify!

Faixas
1. Warning
2. En Force
3. Deliverance
4. No Sanctuary
5. N M 156
6. Take Hold of the Flame
7. Before the Storm
8. Child of Fire
9. Roads to Madness

Banda
Geoff Tate – vocal
Chris DeGarmo – guitarra
Michael Wilton – guitarra
Eddie Jackson – baixo
Scott Rockenfield – bateria

Lançamento: 07/09/1984
Produção: James Guthrie
Mixagem: Val Garay