Red Fang

Teatro Odisseia – Rio de Janeiro/RJ – 23/03/2018

Foto: Daniel Croce

Red Fang

Por Daniel Dutra | Fotos: Daniel Croce

Stoner rock ou rock progressivo? Uma cacetada atrás da outra ou longas viagens instrumentais? Canções que preterem solos de guitarra ou o talento de um dos grandes nomes do instrumento? Foi mais ou menos isso que passou pela cabeça quando foram anunciados para o mesmo dia os shows do Red Fang e de Steve Hackett no Rio de Janeiro. Como a vida é feita de escolhas, a opção foi pela estreia do quarteto americano em solo carioca, uma vez que o músico inglês tem batido ponto com frequência na cidade.

Mas a verdade é que o Red Fang poderia ter sido um belo aperitivo para o espetáculo do ex-guitarrista do Genesis. A programação de matinê que culminou com a perda do show do Dandara, que abriu os serviços no Teatro Odisseia, faria com que fosse possível rumar ao Vivo Rio, a poucos quilômetros de distância da Lapa, para assistir a Hackett e sua banda. Quem manda não fazer as contas?

Penitência registrada, o fato é que Bryan Giles (guitarra e vocal), Aaron Beam (baixo e vocal), David Sullivan (guitarra) e John Sherman (bateria) serviram um ótimo prato principal naquela noite de sexta-feira. É só lembrar de Blood Like Cream, que abriu o show, para ficar tudo bem, porque foi o início de sinfonia de cabeças e pés batendo ao ritmo de uma música cujo refrão é absolutamente irresistível. E que ficou melhor ainda ao vivo, com a participação do público que compareceu em bom número à acanhada e tradicional casa.

O peso de Malverde deu sequência a uma pressão que logo mostrou qual é o seu alicerce: riffs de guitarra. Crows in Swine e No Air foram a união do melhor desses dois mundos – peso e riffs, incluindo o de baixo da segunda –, e no meio delas ainda teve o acento mais pop de Not for You, comprovando o acerto na divisão dos vocais de Beam, mais limpo e palatável, e Giles, mais agressivo e heavy metal. E o resultado da união das duas vozes pode ser sentido em canções como Into the Eye, que veio a seguir com seu refrão hipnótico.

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E tome porrada! E uma bem dada com a dobradinha Antidote, pesada como deve ser um filho do Black Sabbath, e Wires, que transformou o Odisseia num pula-pula – principalmente a parte da frente da pista, onde se concentraram aqueles que eram realmente fãs de carteirinha do Red Fang. “Vamos tocar a próxima especialmente para vocês. Não sei se querem ouvi-la, mas acredito que sim. Mas preciso beber um gole de cerveja antes”, disse Beam, confirmando a predileção do grupo por suco de cevada. Bom, era a vez de Sharks, e quem não queria mais rock’n’roll? Sim, todos queriam.

A levada contagiante de Cut it Short, que provocou novos momentos de êxtase na turma do gargarejo, abriu espaço para a arrastada e pesada The Smell of the Sound, que colocou o trem de volta aos trilhos ao acelerar no fim. E veio a trinca que encerrou o set regular… Alguém anotou a placa? Dirt Wizard preparou o terreno com um riff espetacular, a rápida Flies mereceu a roda aberta pelo público, e Prehistoric Dog simplesmente deixou os fãs ensandecidos.

Teve mais roda, teve mais pula-pula, e poderia ter acabado aí que todos voltariam felizes da vida para casa. Mas o quarteto retornou ao palco para um bis que, apesar de não estar no set list, vem se mostrando protocolar na atual a turnê – o Red Fang ainda promove seu quarto álbum, Only Ghosts, lançado em 2016. Bom, protocolar porque todo mundo já esperava a festa continuar, e os últimos momentos de uma hora e 15 minutos de celebração rock’n’roll foram com Hank is Dead, animada, e Throw Up, arrastada e pesada. Animação e peso, exatamente os elementos que marcaram a bela estreia do quarteto de Oregon no Rio de Janeiro.

Set list
1. Blood Like Cream
2. Malverde
3. Crows in Swine
4. Not for You
5. No Air
6. Into the Eye
7. Antidote
8. Wires
9. Sharks
10. Cut it Short
11. The Smell of the Sound
12. Dirt Wizard
13. Flies
14. Prehistoric Dog
Bis
15. Hank is Dead
16. Throw Up

Clique aqui para acessar a resenha no site da Roadie Crew.