Soilwork – Verkligheten

Nuclear Blast/Shinigami | Nacional | 2019

Foto: Stephansdotter Photography/Divulgação

Soilwork – Verkligheten

Por Daniel Dutra | Fotos: Stephansdotter Photography/Divulgação

O Soilwork é uma daquelas bandas que precisaram de pouco para entrar no rol de favoritas da casa, mas parecia que Stabbing the Drama (2005) havia fechado um ciclo de grandes trabalhos, aqueles memoráveis. Claro, não dava para cravar que período de ânimo em baixa duraria para sempre, até porque os discos seguintes – Sworn to a Great Divide (2007), The Panic Broadcast (2010) e The Living Infinite (2013) – provaram ser legais. De qualquer maneira, residia aí o problema: são apenas legais, e legal é pouco para o Soilwork. The Ride Majestic (2015) reacendeu o fogo uma década depois, mas foi justamente a parada depois do décimo álbum de estúdio e sua extensa turnê mundial que revigorou a banda sueca.

Verkligheten, a palavra sueca para “realidade”, chega às lojas e ao mundo digital de streaming quase quatro anos depois do CD anterior. Nunca o Soilwork havia levado tanto tempo para lançar um novo trabalho de inéditas, mas o descanso fez mesmo muito bem a Björn “Speed” Strid (vocal), David Andersson e Sylvain Coudret (guitarras), Sven Karlsson (teclados) e Bastian Thusgaard (bateria), obrigado – com a saída de Markus Wibom no fim de 2017, Taylor Nordberg assumiu o baixo nos shows, mas o grupo se manteve oficialmente como um quinteto, com as quatro cordas ficando a cargo de Andersson no estúdio. Revigorado, o grupo lançou um álbum que o mantém olhando para frente e resgata elementos do passado.


Os cinco acertaram de cara com a instrumental faixa-título, cujos toques de western e progressivo relaxam o ouvinte para a pancadaria. Arrival, When the Universe Spoke e Needles and Kin trazem um elemento peculiar do Soilwork: blast beats acompanhados por riffs ou temas de guitarra mais melódicos, invariavelmente com vocais limpos. E o resultado é um belo contraste, até porque as músicas possuem características diferentes: a primeira é mais heavy metal; a segunda descamba para o thrash (com um instrumental riquíssimo e os vocais mais guturais e agressivos de Strid em todo o álbum); e a terceira, com participação de Tomi Joutsen (Amorphis), dá as mãos ao death.

Mas se você quiser ouvir todos esses elementos ao mesmo tempo agora, caia dentro da empolgante Witan, uma canção rápida, brutal e melódica. Ou experimente Bleeder Despoiler, que faz perfeitamente a ponte entre o passado e o presente numa sonoridade 100% Soilwork. Outra característica do DNA da banda se faz presente em alto e bom som: os refrãos bem construídos e grudentos. Ouça The Wolves Are Back in Town, The Ageless Whisper (na qual Strid soa como vários vocalistas num só) e You Aquiver, esta com Dave Sheldon (Exes for Eyes) – a lamentar apenas que as duas primeiras pequem, por assim dizer, em pequenos detalhes: a seção instrumental do solo de The Wolves Are Back in Town é ótima, só que curta; e a intervenção do teclado antes do solo de The Ageless Whisper também poderia ter uma duração mais generosa.


Nada, no entanto, que interfira no resultado final. Até porque três músicas em especial tratariam de deixar o nível muito elevado. Preste atenção na espetacular Full Moon Shoals, levada por um grande trabalho de Thusgaard nos bumbos; em The Nurturing Glance, com um solo matador; e na joia Stålfågel, que bem soa como o Night Flight Orchestra, o maravilhoso projeto paralelo de Strid e Andersson, se enveredando pelo death metal melódico – a faixa ainda tem uma versão com a participação de Alissa White-Gluz exclusiva para o iTunes, mas dá para jurar que se ouve a voz da vocalista do Arch Enemy na que está no CD.

A edição nacional ainda traz as quatro faixas bônus que saíram no digipack europeu e como o EP Underworld no Japão: a rápida e melódica Summerburned and Winterblown, com um ótimo trabalho de guitarras e bateria; In This Master’s Tale, mais metal e com uma interpretação nervosa de Strid; The Undying Eye, com blast beats e um baita refrão melódico, além de mais um solo caprichado; e a versão original de Needles and Kin, sem a presença de Joutsen. Resumo da ópera, Verkligheten é um discaço! Essencial ao fã do Soilwork e também do gênero, o álbum já figura entre os cinco melhores do grupo – a ordem fica a gosto do admirador – e é fortíssimo candidato para entrar na lista de melhores lançamentos de metal de 2019.


Faixas
1. Verkligheten
2. Arrival
3. Bleeder Despoiler
4. Full Moon Shoals
5. The Nurturing Glance
6. When the Universe Spoke
7. Stålfågel
8. The Wolves Are Back in Town
9. Witan
10. The Ageless Whisper
11. Needles and Kin
12. You Aquiver
13. Summerburned and Winterblown (faixa bônus)
14. In This Master’s Tale (faixa bônus)
15. The Undying Eye (faixa bônus)
16. Needles and Kin (versão original) [faixa bônus]


Banda
Björn “Speed” Strid – vocal
Sylvain Coudret – guitarra
David Andersson – guitarra, baixo e piano
Sven Karlsson – teclados
Bastian Thusgaard – bateria

Convidados
Tomi Joutsen – vocal (faixa 11)
Dave Sheldon – vocal (faixa 12)
Åsa-Hanna Carlsson – violoncelo (faixas 2, 3, 4, 6, 10 e 11)

Lançamento: 11/01/2019

Produção e mixagem: Thomas “PLEC” Johansson