The Sea Within – The Sea Within

InsideOut | Importado | 2018

Foto: Will Ireland/Divulgação

The Sea Within – The Sea Within

Por Daniel Dutra | Fotos: Will Ireland/Divulgação

Da teoria para a prática, The Sea Within foi de presente de Natal, no anúncio de sua formação em dezembro de 2017, a responsável por um dos melhores discos de 2018. Que coisa linda é o primeiro álbum do supergrupo formado por Daniel Gildenlöw (vocal e guitarra, Pain of Salvation), Roine Stolt (guitarra, The Flower Kings), Jonas Reingold (baixo, The Flower Kings), Tom Brislin (teclados, ex-Yes) e Marco Minnemann (bateria, The Aristocrats). Para agradar em cheio não apenas aos fãs das bandas principais dos integrantes mais famosos, mas também aos amantes do rock progressivo e até mesmo do prog metal, apesar de o disco homônimo não enveredar pelo lado mais pesado da música.

O primeiro acerto foi dar o microfone a Gildenlöw, e não porque Ashes of Dawn e Goodbye têm um quê de PoS. Com um baita solo de sax, cortesia do convidado Rob Townsend, em cima de uma seção rítmica toda quebrada, cortesia de Minnemann, a primeira escancara essa referência; assim como faz a segunda ao adicionar doses de groove na beleza das melodias. Goodbye, aliás, é a versão mais animada da intimista The Void, cujo andamento mais lento, bem levado pelos teclados, traz mais uma grande interpretação do vocalista. Resumindo, a banda saiu na frente ao colocar à frente do microfone uma cara que antes demais.


A performance de Gildenlöw ainda engrandece duas das melhores faixas de The Sea Within, mas não apenas ele: muito bonita, principalmente no seu refrão, They Know My Name destaca o piano de Brislin e um solo cheio de feeling de Solt; e Broken Cord – a canção mais longa do álbum, com pouco mais de 14 minutos, e participação do ex-Yes Jon Anderson – apresenta uma melodia vocal com forte influência de Beatles ao lado de solos e mais solos, mas nada autoindulgente. Todos baseado em temas e, na melhor escola David Gilmour, com elegância e poucas notas. O principal exemplo, no entanto, é a curta instrumental progressiva Sea Without, na qual predominam os teclados.

O álbum é mesmo produto de um esforço coletivo, que você percebe na maravilhosa An Eye for an Eye for an Eye, um prog mais pop no qual Reingold, Brislin e Minnemann exorcizam seus demônios num longo trecho jazz (tradicional, mesmo); e na emocionante The Hiding of Truth, que ainda tem o piano de Jordan Rudess (Dream Theater) e um dueto vocal com Casey McPherson (Flying Circus). E vale a pena cair dentro da edição especial do disco, que traz um CD bônus com mais quatro ótimas músicas: The Roaring Silence, com uma guitarra funkeada que dá um charme extra; Where Are You Going?, mais uma à la PoS, graças ao tom de dramaticidade que Gildenlöw empresta a ela, fora o bem sacado solo de clavinete; e as belas Time, introspectiva e com backings que funcionam como um coral no refrão, e Denise, emotiva e ainda mais intimista. Se você achar pedante o fato de o supergrupo se autodenominar “a new art rock collective”, saiba que The Sea Within é a confirmação de que eles têm razão.


Faixas
1. Ashes of Dawn
2. They Know My Name
3. The Void
4. An Eye for an Eye for an Eye
5. Goodbye
6. Sea Without
7. Broken Cord
8. The Hiding of Truth
9. The Roaring Silence (faixa bônus)
10. Where Are You Going? (faixa bônus)
11. Time (faixa bônus)
12. Denise (faixa bônus)

Banda
Roine Stolt – guitarra e teclados
Daniel Gildenlöw – vocal e guitarra
Jonas Reingold – baixo
Tom Brislin – teclados
Marco Minnemann – bateria

Convidados especiais
Jon Anderson – vocal
Casey McPherson – vocal
Jordan Rudess – piano
Rob Townsend – saxophone

Lançamento: 22/06/2018

Mixagem: Roine Stolt