Paul Stanley – Live to Win

New Door Records | Importado | 2007

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Paul Stanley – Live to Win

Por Daniel Dutra | Fotos: Divulgação

Devidamente vacinado por Asshole, aquele disco bem ruim lançado por Gene Simmons em 2004 (clique aqui para ler a resenha), a esperança de que houvesse uma redenção nas mãos de Paul Stanley começou a desmoronar quando surgiram as primeiras informações daquele que seria seu primeiro disco solo em 28 anos – lembrem-se: o primeiro, sob a marca KISS, chegou às lojas em 1978. Enfim, lá estava ele compondo ao lado de Desmond Child e Andreas Carlsson, que já haviam assinado sucessos com Bon Jovi, Def Leppard e Aerosmith. Tudo bem, ninguém esperava mesmo um CD sem músicas acessíveis e de refrãos pegajosos, mas aí soube quem estava gravando o trabalho…

O baterista era Victor Indruzzo, que gravou e excursionou com Macy Gray e Beck. Na guitarra estava Corky James, que registrou as seis cordas em CDs da Avril Lavigne. Tudo bem, vá lá que Bruce Kulick (ex-guitarrista do KISS) estava escalado para gravar o baixo em algumas músicas, que o guitarrista John 5 (ex-David Lee Roth e Marilyn Manson) havia confirmado presença, ou que os teclados estivessem a cargo de Russ Irwin, que merecia o benefício da dúvida por já ter feito turnês com Sting. De qualquer maneira, tinha tudo para dar errado, tudo para ser uma baba sem tamanho.


Mas apesar de todo o negativismo que rondava Live to Win, esqueci que o sujeito que assinaria o negócio se chama Paul Stanley, um compositor de mão cheia, responsável pelo melhor dos quatro álbuns solos do KISS (o de Ace Frehley, com o perdão da sinceridade, não é homogêneo), e um vocalista extremamente talentoso e de timbre único, característica apenas dos que têm lugar cativo entre os grandes. E o disco acabou se tornando uma agradabilíssima surpresa, uma aula de rock’n’roll sem maiores compromissos.

Apenas dez músicas em pouco mais de 30 minutos, e nem mesmo as três baladas estragam a festa. Isso porque Everytime I See You Around, Second to None e Loving You Without You Know são ao mesmo tempo bonitas e elegantes, coisa de quem tem a manha para o negócio (vide I Still Love You e Forever). Na verdade, Stanley foi econômico apenas na duração do CD, afinal, os fãs esperaram oito anos por material novo dele – último trabalho de estúdio do KISS, Psycho Circus foi lançado em 1998.


Mas as sete faixas restantes são simplesmente espetaculares, a começar pela trinca que abre o disco: Live to Win, Lift e Wake Up Screaming. A canção que dá nome ao álbum é para deixar o fã sorrindo de orelha e orelha, graças ao vocal brilhante e ao refrão que gruda mais do que chiclete em cabelo, além da letra positiva que é mesmo a cara do autor. Jogo ganho, as duas seguintes mostram que Stanley adicionou modernidade ao seu som, mas sem perder a personalidade.

Prova maior disso é Bulletproof, que poderia muito bem fazer parte do disco lançado no fim da década de 70 – os vocais de apoio femininos ajudam na remissão a Move on, por exemplo. E músicas como All About You, It’s Not Me (outro refrão sensacional) e Where Angels Dare, que fecha o CD com maestria, deixam a impressão de que Live to Win não apenas tem dez hits em potencial, mas que possui canções que vão sobreviver ao teste do tempo. E não dá mesmo para duvidar de Paul Stanley.


Resenha publicada na edição 133 do International Magazine, em junho de 2007