Por Daniel Dutra | Fotos: Divulgação
Among the Living, Caught in a Mosh, I Am the Law e Indians. São nada menos que quatro clássicos absolutos do heavy metal num álbum de nove músicas. Veja bem: não apenas do thrash metal ou do próprio Anthrax. E são nove músicas de altíssimo nível no terceiro trabalho da banda, afinal, as cinco restantes seriam as joias da discografia de muita gente por aí. Lembre-se dos refrãos irresistíveis de Efilnikufesin (N.F.L.) e A Skeleton in the Closet, com melodias que encorpam na combinação das vozes de Joey Belladonna e Scott Ian – digamos que o guitarrista faz um backing vocal principal.
E pode um disco que tem suas principais canções no início terminar tão bem quanto começou? Among the Living pode, porque One World manda muito bem na transição do andamento cadenciado para partes mais rápidas, enquanto a longa A.D.I./Horror of it All cresce de tal maneira que é capaz de fazê-lo arrastar os móveis da sala para agitar sozinho. E imagine se o Black Sabbath resolvesse se aventurar pelo thrash. Complicado? Ouça Imitation of Life. Resumindo, o que você tem em mãos é exatamente a obra-prima do Anthrax, o trabalho que realmente lançou o quinteto – à época completado por Dan Spitz (guitarra), Frank Bello (baixo) e Charlie Benante (bateria).
“Muitas pessoas ainda o consideram o nosso álbum essencial, e foi definitivamente o disco certo na hora certa. Rápido e thrashy, nervoso e energético para cacete”, escreveu Ian em sua autobiografia, “I’m the Man – The Story of the Guy from Anthrax” (2014). “Tudo o que aprendemos como banda de Fistful of Metal (1984) a Spreading the Disease (1985) foi parar nas músicas. Se o Anthrax fosse uma disciplina no metal, eu diria que Among the Living seria a nossa tese de mestrado.” E uma formatura com méritos: o 62º lugar do Top 200 da Billboard e o Disco de Ouro não foram pouca coisa para uma banda de thrash metal.
Produzido por Eddie Kramer e dedicado a Cliff Burton, o disco ainda apresenta peculiaridades em algumas de suas canções. Enquanto I Am the Law é baseada no personagem de quadrinhos Judge Dredd, Efilnikufesin (N.F.L.) homenageia o comediante John Belushi (1949 – 1982). “Ele é um dos meus heróis, e a música fala do desperdício que foi sua overdose, porque ele era tão talentoso e tinha tanto a oferecer ao mundo. É minha mensagem para os garotos ficarem longe das drogas”, contou Ian. E Among the Living e A Skeleton in the Closet têm inspiração em obras do escritor Stephen King: “A Dança da Morte” (1978) e “O Aprendiz” (1982), respectivamente.
O texto foi escrito para a edição 224 da Roadie Crew, como parte do especial “1987: o ano que não acabou”, mas não foi publicado porque, na verdade, eu me enganei ao ver aos donos de cada um dos 87 discos da lista. Revisitei os álbuns que Armored Saint, Black Sabbath, DIO, Exodus, Frehley’s Comet, Guns n’ Roses, Helloween, John Norum, KISS, Marillion, Michael Monroe, Ozzy Osbourne, Savatage, Tankard, Y&T e Yes lançaram há 30 anos, e o Anthrax entrou no meu inconsciente.